ENQUETE – 83% DA POPULAÇÃO ACHOU RUIM A ATUAÇÃO DA CÂMARA EM 2009/12

Como vem fazendo com vários temas de interesse público, a revisa vitrine online abriu enquete com a seguinte pergunta: “Na sua opinião, a atuação dos vereadores na legislatura passada foi BOA ou RUIM? Os resultados foram os seguintes: 83% (142 votos) dos participantes responderam RUIM; 17% ( 29 votos) responderam BOA.

O desempenho da Câmara Municipal de Ibiúna – no período 2009-2012 – foi marcado pelas presenças, a partir de outubro de 2009, de dois personagens na cena política e administrativa da cidade. Sérgio de Matos, que logo assumiu a Secretaria de Governo, e Paulo Niyama, que se apresentou como empresário e “colaborador” do prefeito Coiti Muramatsu.

Com eles vieram outros personagens indicados pelo deputado federal Arnaldo Faria de Sá, com a missão de “dar um choque de gestão” na prefeitura. Eram chamados de “forasteiros”, porque não eram de Ibiúna.

Esse capítulo da história teve origem num encontro fortuito, durante um torneio hípico na Fazenda Jamaica, em Alumínio, em fins de julho de 2009, quando Coiti foi apresentado a Niyama pelo então prefeito de Alumínio, Jacob Sauda (PMDB).

Coiti revelou que se encontrava numa situação difícil e que precisava de ajuda para pôr a casa em ordem. Niyama não só se interessou como levou o assunto para o deputado federal Arnaldo Faria de Sá. Depois disso houve pelo menos duas reuniões em restaurantes de Ibiúna. Uma no Pesqueiro Osato, participaram dois vereadores do PTB, mesmo partido do deputado: Pedro Luiz Ferreira (Pedrão da Água), Paulo Sasaki, e o presidente do PTB local, Valdir Messias de Almeida; outra, no Restaurante Paiol.

Em resumo, Coiti se encontrava isolado da Câmara, sem articulação com os vereadores. Já havia ameaça de tempestade que se formou em novembro de 2009, com a primeira representação pedindo sua cassação. Os parlamentares estavam inquietos e irritados com o comportamento distante do prefeito.

A principal missão assumida por Sérgio de Matos foi exatamente acalmar e estabelecer uma ponte de relacionamento conveniente a ambos os lados. No andamento do processo, Niyama também passou a participar dos contatos com os vereadores e logo eram chamados de Sérginho e Paulinho.

A primeira ameaça foi debelada, mas em março de 2010 houve nova representação para cassar o prefeito e outra em outubro do mesmo ano.

Essa situação turbulenta acabou requerendo um sistema de controle rápido e eficiente, o que exigiu uma íntima proximidade com os vereadores e marcou um modus operandi nas relações entre Executivo e Legislativo, protagonizado por esses dois personagens.

No entanto, um fato inesperado e repentino provocou uma reviravolta no panorama. Na noite do dia 7 de outubro de 2010, ao retornar de uma cidade do Interior, aonde teria ido buscar uma ambulância, Serginho foi exonerado do cargo de secretário de Governo e da Saúde, que acumulava. Pelo menos cinco secretários teriam exigido essa atitude por parte do prefeito. Nesse momento, chegou-se a discutir também o destino de Paulo Niyama. Ressabiado, Coiti optou por mantê-lo. A sequência já é história conhecida. Ele acabou ficando, conquistou a confiança de Coiti e se tornou o mais poderoso, temido e influente secretário da prefeitura. Foi até o final, na tarefa de “administrar” as relações com os vereadores. Sua influência foi imensa, até mesmo nas eleições da edilidade. Alguns vereadores se tornaram muito próximos dele. Chegou a se candidatar ao cargo de prefeito pelo DEM, mas obteve cerca de três mil votos, de um colégio eleitoral composto por mais de cinquenta mil eleitores.

No período analisado, houve frequentes reuniões a portas fechadas na Câmara, na Prefeitura e em outros locais, como restaurantes, pousadas e mesmo fora do município, que delinearam e marcaram a atuação da edilidade.

 

Posições dos vereadores por período legislativo

 

2009-2009 – presidente, Jair Marmelo (PCdoB); 1º vice, José Brasilino (PDT); 1º vice, Claudinho do Rosarial; 1º secretário, Pedro Luiz Ferreira (PTB); 2º secretário, Ismael Pereira (PR).

2010-2010 – presidente, Charles Guimarães (PR); 1º vice, Pedro Luiz Ferreira (PTB); 2º vice, Ismael Pereira (PR); 1º secretário, Claudinho do Rosarial (PDT); 2º secretário, José Brasilino (PDT).

2011-2011 – presidente, Pedro Luiz Ferreira (PTB); 1º vice, José Brasilino (PDT); 2º vice, Charles Guimarães (PR); 1º secretário, Jamil Marcicano (DEM); 2º secretário, Ismael Pereira (PR).

2012-2012 – presidente, Roquinho do Paruru (DEM); 1º vice, Paulo Sasaki (PTB); 2º vice, Prof. Anselmo Duarte Domingues (PT); 1º secretário, Jair Marmelo (PCdoB); 2º secretário, José Brasilino (PDT).

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.