IBIÚNA – ABANDONADOS EM UM CANIL, SEM COMIDA E ÁGUA, CACHORROS SÃO ENCONTRADOS MORTOS NO BAIRRO RIO DE UNA DE BAIXO

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“Quando cheguei ao local vi um cenário de horror: cachorros em decomposição, exalando um cheiro terrível, e carcaças espalhadas num terreno imundo, de animais mortos há pelo menos dois meses e seis cães vivos mas num estado de extrema debilidade física.” Esta declaração foi feita hoje (8) à tarde à vitrine online pela médica veterinária da Vigilância Sanitária Ambiental de Zoonoses, Gislaine Martins, antes de prestar depoimento na Delegacia de Polícia de Ibiúna.

Ela foi um dos dois veterinários que, atendendo a uma denúncia popular, foram a uma casa com muro e portão altos na rua Adão Gonçalves, 14, no bairro Rio de Una de Baixo para constatar um crime que provocou revolta na vizinhança: a morte cachorros abandonados em um canil, sem alimentos e sem água. Segundo a veterinária os cães sobreviveram porque se alimentaram dos outros que havia morrido por inanição.

CACHORRO 2A descoberta e a confirmação do que ocorria no quintal daquela casa só foi possível porque os vizinhos, não suportando o mau cheiro, quebraram o cadeado do portão e puderam fotografar e filmar a situação que configura “ato de abuso a animais”. Postado nas redes sociais esse fato repercutiu instantaneamente.

Um grupo de moradores já estava aglomerado diante do portão, quando chegaram policiais militares e guardas civis municipais que atenderam a ocorrência. Quando a proprietária do canil, Patrícia Ribeiro de Carvalho, 50, tradutora, natural de São Paulo mas residente em Ibiúna há oito anos, chegou ao local ouviu os gritos de revolta, que se intensificaram quando saiu pelo portão e entrou numa das viaturas da Polícia Militar que a conduziu até a delegacia, no centro de Ibiúna.

PROPRIETÁRIA RESPONSABILIZA FUNCIONÁRIO

Patrícia, que se mostrava bastante nervosa, declarou à polícia e à vitrine online que o responsável para cuidar dos cachorros era seu funcionário Reinaldo David Marques, 34, adestrador de animais, morador no Residencial Europa. Depois de saber da repercussão do fato disse que se dirigiu ao local em uma Saveiro bordô, com placas de Mairinque, dirigida pelo próprio Reinaldo. Este, de acordo com Patrícia, deixou-a no local e se evadiu com o veículo.

O boletim de ocorrência registra que Patrícia declarou que comprava ração e “Reinaldo ficava responsável para tratar os animais e, em razão disso, não frequentava o local desde o mês de dezembro de 2016, acreditando que os mesmos estavam sedo bem tratados, só tomando ciência da realidade na data de hoje (8)”. Os vizinhos da casa onde os animais foram encontrados em completo abandono, no entanto, disseram que “ela deveria ficar também abandonada, sem comida e sem água”, para pensar na responsabilidade que lhe cabe no caso. Um conhecido de Reinaldo teria comentado que ele estava sem receber o pagamento havia três meses.

Lecir Eveline Correia, presidente da Organização dos Protetores de Animais de Ibiúna – OPA e Patrícia já se conheciam e trocaram farpas em frente ao balcão onde o boletim estava sendo registrado. Lecir disse que em novembro de 2016 Patrícia havia recolhido em um terreno dois cavalos que estavam na rua e deixados no meio de entulhos, retirando-os dali um mês depois.

À vitrine online a proprietária do canil, divorciada, entre lágrimas, declarou que ama os animais e deu a entender que seu funcionário há cinco anos a teria traído e sido ingrato com ela, que o teria ajudado a mobiliar sua casa, pois ia se casar, e que era de sua confiança, levando e buscando seus filhos na escola. Também disse que está passando por grave situação financeira, além de ter que cuidar de sua mãe idosa e de uma filha autista e que, por esses motivos, não estava em condições de ir ao canil.  Depois de ouvida, Patrícia foi liberada.

FALTA A VERSÃO DO FUNCIONÁRIO

À polícia, assim que Reinaldo comparecer à delegacia ou for encontrado, deverá revelar a sua versão dos fatos, a fim de que o inquérito possa ter andamento, até que o processo seja entregue ao Ministério Público da Comarca de Ibiúna.

Os seis cachorros encontrados com vida foram levados para o setor de zoonoses da prefeitura, onde deverão permanecer “até o fim do inquérito”, segundo a veterinária Gislaine Martins.

 

 

 

 

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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