CÂMARA DE IBIÚNA APROVA DOAÇÃO DE UMA ÁREA DE 18.500 M2 A DUAS EMPRESAS

Em votação em regime de urgência, a Câmara Municipal de Ibiúna aprovou hoje (11), por unanimidade, a doação de 18.500 m2 de terras para duas empresas que pretendem se instalar no município, em área próxima ao Estádio Municipal, que será supervalorizada com a duplicação da Rodovia Bunjiro Nakao.

A Afetiva Cosmética Ltda., fabricante de cosméticos, perfumaria e produtos de higiene pessoal, atualmente em Sorocaba, ficará com o quinhão maior (10.000m2) e à Embalaplast Indústria e Comércio de Embalagens Plásticas Ltda., hoje em Vargem Grande, caberão os 8.500 m2. Ambas as empresas, assim que começarem a funcionar, deverão empregar cerca de cento e cinquenta pessoas.

A aprovação dos dois projetos encaminhados pelo Executivo aconteceram num clima emocional corroborado pelo presidente da Câmara Municipal, Carlos Roberto Marques Júnior (PT), que defendeu a necessidade premente de se criar oportunidade de trabalho para os jovens. “Em Ibiúna, disse Carlinhos, os trabalhadores com carteira assinada não passam de 15% e aqui mais se vive de bico do que de emprego.”

Mesmo vereador cuja intenção inicial (exceto a bancada situacionista composta pela maioria absoluta de parlamentares) era votar contra, na hora H votou a favor. Quem ousaria ficar marcado como o vereador que votou contra o aumento de oferta de empregos numa cidade em que eles são muito escassos?

Embora o presidente da Câmara tenha usado um argumento para a ocasião – “Vamos juntar três vocações, o turismo, a agricultura e a indústria” – a questão de fundo, relacionada com a questão ambiental, já que o município é uma estância turística e tem sua economia baseada na agricultura, ainda carece de melhor esclarecimento público.

Mencionando sua profissão de farmacêutica, a vereadora Rozi Machado Soares (PV), anunciou sua preocupação com a questão de contaminação do solo. Seu voto foi dividido em duas partes. “Como mãe e sabedora dos problemas de emprego na cidade voto sim; mas voto apreensiva porque sei o que é uma industria química.”

Na verdade a citação do problema de emprego condicionou muito a decisão do voto, mesmo por parte daqueles que se posicionam na oposição.

Os dois projetos, pela forma como agradeceu seus colegas e se disse feliz com sua aprovação, pareciam ser as meninas dos olhos do presidente da Câmara. Visivelmente tenso e apreensivo, Carlinhos obteve uma considerável vitória política e relaxou quanto viu os projetos aprovados – por unanimidade.

Se a área próxima ao Estádio Municipal será mesmo um polo industrial de Ibiúna, como afirmou o presidente da edilidade, seria interessante que fosse apresentado à sociedade um projeto global e os cuidados que serão tomados para que a junção das três vocações não venha a causar, no futuro, algum arrependimento sem volta. (C.R.)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.