MEDITAÇÃO É UMA RELAÇÃO CONTÍNUA COM SEU VERDADEIRO SER

Eles se encontraram por acaso, ou será por que isto tinha que acontecer algum dia? Sei apenas que não se tratou de um encontro comum e superficial como costumam ser os encontros na maioria das vezes, mas profundo.

Havia um brilho nos seus olhares raro de ver nos dias que correm com muita pressa, correria para lá e para acolá e distanciam as pessoas umas das outras e as tornam estranhas entre si sem que percebam que essa é a realidade de um mundo feito de aparências.

Não é que sejamos vazios, mas, ao contrário, que estamos com a mente superlotada de milhões de informações, imagens pensamentos e sensações que nos fragmentam e nos tornam estranhos para nós mesmos.

Lembra-se do filho pródigo que sai para o mundo, esbanja o que recebera do pai e um dia sente uma forte atração para voltar para casa, lugar de paz, conforto e segurança, no seio familiar de onde brotamos, vindos dos mistérios profundos que nos geram por uma poderosa força criativa.

Narciso se apaixonou tanto pela sua imagem no espelho d’água que se afogou no reflexo da própria beleza, apartando-se do outro que continha seu próprio Ser.

Que belo ensinamento nos legou: somos seres duplos, um dos quais é essencial e o outro pode se deixar atrair e se afastar de si mesmo. Muitos de nós podemos passar por toda a vida sem descobrir quem somos essencialmente. É como se abandonássemos nosso lar interior sem perceber que ele existe como um lugar naturalmente real.

Sábios fizeram essa descoberta há milhares de anos e procuraram nos ensinar a importância de conhecer a si mesmo ou ser si mesmo. Um vasto número de pessoas pode caminhar por toda a vida sem nunca viver a experiência de ser si mesmo, o que gera um bem-estar e uma felicidade muitas vezes indescritíveis.

Atraídos pelas coisas que acontecem fora de nossa pele, no mundo exterior, do momento em que acordamos pela manhã até a hora em que adormecemos estamos sob um fluxo de imagens, pensamentos e sensações que nos mantém como que hipnotizados ou encantados e desprendidos no tempo e no espaço que nos mantêm estranhos para nós mesmos, sem mesmo nos dar conta dessa ilusão.

Não é à toa que possamos sentir mal-estar, desconforto, insegurança, medo, aprisionados ora no passado, ora no futuro, sem perceber que o único tempo real é o presente. Tudo se passa em nossa mente, a sede da consciência, que é o princípio, o meio e o fim de nossa existência quando se apaga.

A perceber o próprio conflito gerador de sofrimento, ao longo dos séculos, o Homem foi procurando caminhos para se libertar dessa prisão e nos legou diversos meios para voltar para o nosso lar original sob o signo da meditação.

A meditação é uma forma simples, mas nem sempre fácil, de uma maravilhosa ponte que nos traz de volta para nossa essência e, finalmente, nos harmoniza e nos permite experimentar a paz de Ser. Simplesmente ser único, num verdadeiro encontro consigo mesmo, que precisa ser cultivado todos os momentos para manter nossa integridade constante. Alguns denominam essa experiência como um renascer. (Carlos Rossini é editor de vitrine online)

 

 

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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