EDITORIAL – SEM DIGNIDADE, O QUE VEMOS PODE PARECER CONFUSÃO

Se tivesse que escolher entre salário e respeito, a maioria das pessoas optaria pela segunda alternativa. Pesquisas sobre o nível de satisfação no trabalho situam o ganho pecuniário em quinto lugar, depois de reconhecimento, valorização pessoal, sentimento de pertencer a um grupo.

As insatisfações crônicas nos ambientes de trabalho ou grupos de relacionamentos, motivadas por indivíduos autoritários, castradores e líderes repressivos, provocam transtornos mentais consideráveis, que muitas vezes requerem afastamento do trabalho, tratamentos psicoterapêutico, quando não levam ao cometimento de atos extremos e destrutivos contra si próprio.

O sentimento de dignidade é tão essencial à natureza humana que que a Organização das Nações Unidas – ONU, em 1948, introduziu na Declaração Universal dos Direitos do Homem o reconhecimento de que “todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direito. São dotadas de razão e consciência e devem agir em relação umas às outras com espírito de fraternidade”.

“A dignidade da pessoa humana é o princípio segundo o qual uma pessoa nunca deve ser tratada como um objeto ou como um meio, mas como uma entidade intrínseca. Ela merece um respeito incondicional, independentemente da sua idade, sexo, estado de saúde físico, condição social, religião ou origem étnica.”

NÓS, OS IBIUNENSES

As dificuldades de comunicação e relacionamento entre as autoridades ibiunenses e a população parecem ter corroído a essência do princípio universal de dignidade. Transformaram-se em fato social preocupante, pois os níveis de agressividade manifesta nas redes sociais parecem ter superado todos os limites do aceitável. E, isso, como se sabe, é mentalmente perturbador.

Nunca, na condição de jornalista que acompanha há décadas os fatos observáveis em Ibiúna, houve um clima de desrespeito tão intenso e generalizado.

Há, nessa situação uma questão dialética primária, pois quem se comporta com dignidade deve ser merecedor igualmente do respeito dos outros. Essa é uma lei das relações humanas pressentida até mesmo por pessoas mais simples da sociedade. Quem trata bem, é bem tratado.

Quando falta dignidade (respeito pelo outro), o processo de comunicação é intermediado por atitudes de desconfiança recíproca, mentiras, dissimulações e ofensas. Em suma, o clima tende a perenizar os conflitos, até que desemboquem num ponto sem volta. Aí emerge o cenário de cenas explícitas de falta de dignidade, que fazem parte de um processo que, como um balão de ar com excesso de hidrogênio, tende a explodir.

Essa dinâmica fora de controle constrói uma zona de intenso desconforto em que, supostamente, todos, de alguma forma, poderão perder. Quando não há dignidade nas relações humanas, falta exatamente o componente fundamental que constitui a base da confiança e da prosperidade, ambas indispensáveis como suporte de sustentação para o andamento da carruagem social. (Carlos Rossini é editor de vitrine online)

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Carlos Rossini é coach e oferece  consultoria e treinamento de pessoas com uma metodologia simples, prática e eficaz, não importa o ramo de atividades das organizações.

Contato: (15) 9.9612-3685

 

 

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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