ENQUETE – 51% DA POPULAÇÃO CONSIDERA “RUIM” A ATUAL ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL

No maior índice de votação desde que a revista vitrine online iniciou suas enquetes, sobre os mais variados assuntos de interesse dos seus leitores, desta vez houve um recorde histórico, com mais de 1.400 acessos em um dia e meio. No total, votaram 863 pessoas. O recebimento dos votos se encerrou hoje (9), às 18h15.

A pergunta formulada “Na sua opinião, o primeiro semestre do governo Eduardo Anselmo foi: Bom – Ruim?” apresentou o seguinte resultado: 51% (438 votos) disseram que foi Ruim, para 49% (425 votos) foi Bom, ou seja, um pouco mais do que metade da população votante desaprovou o governo municipal nesse período.

Esse resultado abrange uma série de causas que estabeleceram a marca da atual Administração municipal de Ibiúna: uma imagem pública inconsistente e difusa [falta de uma face pública bem definida perante a população]; timidez; falta de liderança, staff [pessoal, sobretudo do primeiro escalão, influenciado por concessões de natureza política] agindo de forma dispersa ou espasmódica [apagar “incêndios emergenciais”], como tapar buracos; falta de um plano de governo autossustentável; demora nas ações práticas; inexistência de obras ou de serviços relevantes [especialmente na área da Saúde]; denúncias mal digeridas oriundas de quatro [de um total de quinze] vereadores oposicionistas; perda de energia e de foco ao justificar a origem de todo o mal com a herança da “maldita dívida herdada” [exatamente como fez o governo anterior na maior parte do tempo], falta de uma política de comunicação com objetivos e posturas bem definidos e compartilhados por todo o organismo municipal, etc.

Em relação a esse último tópico, temos um exemplo recente. No dia 4 de julho a prefeitura encaminhou um “release” [notícia oficial distribuída à Imprensa] que apresenta duas observações normalmente estranhas a esse tipo de meio de comunicação, revelando um cuidado preventivo diante supostas reações negativas à notícia.

O título é chamativo: “Município recupera cerca de R$ 11 milhões em créditos tributários”. Nota positiva, sem dúvida. O texto informa que a prefeitura contratou um escritório de advocacia por cerca de R$ 1 milhão, mas que, em compensação, terá de volta R$ 11 milhões correspondentes à recuperação de créditos tributários nos últimos cinco anos. Agora vêm dois trechos intrigantes:

“Portanto, qualquer comentário sobre o assunto sem o devido conhecimento, pode levar a uma conclusão equivocada sobre a maneira como a Prefeitura está gerindo os cofres públicos.”

“Cabe considerar que houve uma contratação semelhante no período de 2004/2008 [governo Fábio Bello], fato que pode ser comprovado pela análise do contrato 04/2005 com a [cita o nome do escritório de advocacia]. O contrato nesta época foi de R$ 300 mil, que, corrigidos, hoje daria algo em torno de R$ 600 mil.”

Resumindo: o primeiro trecho parece tratar-se de uma advertência cautelar; o segundo, revela uma necessidade de validar a medida tomada, com base em um fato precedente similar, mas com um gasto financeiro menor.

“O possível e o impossível”

Quando tomou posse como vereador petista, no dia 1º de janeiro de 2009, o prof. Eduardo Anselmo fez o mais longo e articulado discurso de posse e também o mais moralista. Quando tomou posse como prefeito de Ibiúna, no dia 1º de janeiro de 2013, Eduardo ratificou essa característica dizendo que dele podiam dizer qualquer coisa, menos que fosse uma pessoa desonesta. Na verdade, a postura ética e moral despontam como dois traços marcantes em sua personalidade e explorados em sua campanha eleitoral. [Leia, na íntegra, seu discurso de posse, buscando no termo “arquivo” e voltando para as edições anteriores da revista vitrine online, até janeiro de 2013.]

Na ocasião, fixou sua posição de obedecer a Lei, fazer o “possível e o impossível” para melhorar a qualidade de vida dos ibiunenses, sobretudo na área da saúde, e criticou a imprensa local dizendo que em nenhuma hipótese iria patrocinar jornal em troca de notícias favoráveis. Não terá dito isso por mera ficção, o que sugere a necessidade uma reflexão mais atenta.

A revista vitrine online, expressando naquele momento grande expectativa da população, empregou três adjetivos sobre o discurso do então novo prefeito da cidade: “Objetivo, claro e realista”. Compare o que disse o prefeito, de um jeito humilde como se observa em seu trato cotidiano, no início do seu mandato, com o que se observou nos atos do seu governo, até agora. Verifique se houve discrepâncias entre sua fala e suas ações concretas. (C.R.)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.