IBIÚNA – MULHER GRITA POR SOCORRO PARA SEU MARIDO SER ATENDIDO NO HOSPITAL MUNICIPAL

O Hospital Municipal de Ibiúna tem uma longa história de maus serviços prestados à população, atualmente estimada em 78 mil habitantes, que aumenta substancialmente em feriados e nos períodos de férias, algo em torno de 25 a 30 mil pessoas a mais.

Seu funcionamento histórico permite considerar que nos últimos vinte anos houve raros períodos de melhoria no atendimento ao público, seja porque operasse de modo mais organizado e com equipes profissionais adequadas às necessidades, seja porque houvesse maior equilíbrio entre receitas e despesas.

Tirante esse cenário, o Hospital Municipal de Ibiúna viveu crises seguidas até chegar aos últimos anos em que mal consegue caminhar sobre as próprias pernas, o que provocou cortes de pessoal, atrasos seguidos de pagamentos aos profissionais da saúde e um aumento notável de ineficiência.

Se pudéssemos usar um trocadilho de mau gosto, o hospital ibiunense está gravemente enfermo, a caminho da UTI, e exigindo um competente choque de gestão aparentemente muito distante de ser realizado.

Há um diagnóstico corrente de que o município não dispõe de recursos próprios para mantê-lo com o mínimo de padrão hospitalar aceitável. Já houve quem defendesse que fosse substituído em Pronto Socorro para atender emergências e urgências, como faz Vargem Grande, e despachasse os enfermos para hospitais de referência, como já acontece com uma frequência rotineira, ou que fosse instituída uma Santa Casa, que também sofre problemas em diversas cidades.

Quando o governador João Dória veio pedir votos em Ibiúna fez um compromisso público de que construiria aqui um novo hospital, depois ao visitar o Hospital Municipal acompanhado do atual prefeito disse que o que vira era inaceitável. Mas só ficou na promessa, como é habitual em política, apesar de ter recebido muitos votos no município.

Enquanto isso, a população ibiunense sofre tremendamente por não contar com atendimento médico satisfatório em seu único hospital público, sendo seu atual prefeito um médico que, em sua campanha, prometeu que iria “cuidar da vida das pessoas”, o que até hoje teve mais peso de caráter político, distante da realidade prática.

TARDE DE DOMINGO

É preciso dizer que é a parcela da população mais humilde e carente que sofre com a situação reinante.

No último domingo (13) havia apenas um médico clínico-geral atendendo no plantão do Pronto Socorro Adulto e uma médica ortopedista, no Pronto Socorro Infantil. As esperas eram longas porque o médico plantonista tinha que atender casos mais graves, incluindo pessoas entubadas, e, ao mesmo tempo, os pacientes em espera na recepção. Num período anterior, menos dramático, eram três os médicos que atendiam no Pronto Socorro Adulto.

Pelo menos durante o período que lá permanecemos na condição de paciente, e felizmente, não houve casos de emergência de maior gravidade. Se isso tivesse ocorrido, o atendimento clínico seria naturalmente interrompido, como não raro acontece.

No meu caso pessoal, depois de esperar por duas horas e sem perspectiva de ser atendido na próxima ou próximas horas. Por volta das 16h30, o médico saíra para o almoço, desisti do atendimento e retornei para casa, mesmo sentindo dor.

DESESPERO

De repente, surge um carro trazendo um homem que passava mal. Sua mulher informou que ele havia “apagado” no caminho para o hospital e estava sentindo dormência na boca e no rosto. Mais tarde, soube-se que se tratava de uma hipertensão arterial aguda. Ele somente foi levado para o interior do hospital depois que sua mulher, numa crise de desespero, começou a gritar, pediu por socorro e ameaçou chamar a polícia. Filmamos esse exato momento e postamos na revista vitrine online. Nesse instante, uma policial GCM saiu, pediu calma à mulher, o que a deixou ainda mais alarmada e ajudou a conduzir o paciente para a sala onde se encontrava o único médico em serviço.

Tanto ela quanto o marido ficaram revoltados com a atitude da funcionária que atendia na triagem. Segundo o casal, ela teria dito que o paciente estava alcoolizado. Fez a ficha e mandou que esperasse até ser chamado. Mesmo passando mal, o homem disse no lado de fora da recepção, onde fazia um calorão: “Só se a mãe dela me deu bebida”.

O homem foi medicado com o objetivo de que sua pressão baixasse e ficou na espera até que isso acontecesse. “Meu marido é muito doente”, disse a mulher, entre gritos e lágrimas.

Pacientemente, ainda esperei ser chamado até desistir. A certa altura a funcionária da triagem chamou-me à sua sala e fez-me a seguinte ameaça: “Vi que você estava filmando, se você publicar minha imagem, vou processá-lo por uso de minha imagem.”

Primeiro não a havia filmado e nem faria isso porque tenho consciência dos limites da minha atividade profissional e não seria ela, que demonstrando despreparo para lidar com pacientes, se mostrou agressiva sem nenhuma razão.

Mencionei que o prefeito deveria saber desses fatos, ela se mostrou arrogante: “Não tenho nada com o prefeito, sou concursada”, como se isso lhe autorizasse a desrespeitar um paciente. Irônica, disse mais: “Que pena que você precisa dos nossos serviços”.

Pelos comentários feitos por pessoas que ouviram suas palavras, observei que essa parece ser a forma habitual como ela trata pessoas humildes e incapazes de reagir. Isto é um exemplo de um péssimo atendimento hospitalar.

Em seguida conversei com a enfermeira de plantão, e ela me pediu que continuasse esperando e eu já estava ali havia duas horas, mas não podia prever quando seria atendido. Talvez mais uma ou duas horas. Mencionou que o médico estava muito ocupado com casos mais graves.

DEPOIS DO VÍDEO

Mais tarde postei o vídeo mostrando a reação dramática da mulher do paciente que chegara se sentindo mal, o que provocou milhares de visualizações e mensagens de profundo desagrado com a atual administração de Ibiúna. Entre os comentários, houve aqueles que se lembraram de casos em que familiares passaram por grande sofrimento e buscaram outros lugares para receberem cuidados médicos. Todos os comentários refletem os sentimentos de notório descontentamento com os serviços públicos de saúde em Ibiúna.

HOSPITAL

O que é um hospital. A origem desse nome é latina e significa ‘casa que hospeda”. Modernamente é um estabelecimento para internação e tratamento de doentes ou de feridos.

É um lugar em que se deve agir com hospitalidade, benevolência e respeito com os pacientes.

O principal objetivo de um hospital é a prestação de serviços na área da saúde, com boa acolhida, qualidade, eficiência, eficácia e efetividade

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) o hospital é um organizador de caráter médico-social, que deve garantir assistência médica, tanto curativa como preventiva, para a população, além de ser um centro de medicina e pesquisa.

Por último, mas não menos importante, prestar bons serviços de saúde é obrigação das autoridades públicas e não um favor que se faz à população.(Carlos Rossini é editor de vitrine online)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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