IBIÚNA – FUTURO DEPENDE DA EDUCAÇÃO E DO RESPEITO AOS PROFESSORES

Vitrine online conversou com algumas professoras da rede municipal de ensino em Ibiúna e recebeu pelo menos três textos por elas elaborados. Todas elas, no entanto, pediram anonimato, por receio de sofrerem alguma forma de represália, já que dependem dos seus empregos, num momento difícil em que todo o País há uma forte retração no mercado de trabalho, com cerca de 12 milhões desempregados.

Uma delas, de tão desgastada com a situação, disse que estava pensando seriamente em produzir e vender brigadeiros, a persistirem os desgastes emocionais provocados por incertezas, e pela forma como vêm sendo tratadas pelo Executivo.

Querem ser “democraticamente” ouvidas, antes que as decisões sejam impostas pelas autoridades, já que temem pelas consequências que as atingirão diretamente. 

PROFESSORES, ALUNOS E FAMILIARES

Reproduzimos abaixo uma das manifestações recebidas dos professores, a fim de que os leitores saibam dos problemas dos mestres ibiunenses:

“Numa Democracia o poder é do povo: exercido para o povo, com o povo e pelo povo. E quem é o povo: são todos os seres humanos que constituem um Estado Soberano. Já no despotismo o poder é centralizado: visa privilegiar uma classe dominante e sujeitar o povo.

E, no meio disso tudo, professores e alunos também constituem o povo. Não apenas estes, mas também suas famílias.

Antes do início de um novo ano letivo no município de Ibiúna é realizado o processo de “Atribuição de Aulas”, em que os professores, de acordo com sua classificação, podem escolher a escola e classe que darão aula.

Nada mais justo e digno do que permitir um profissional da área de Educação, devidamente concursado e empossado, ter esse poder mínimo de escolha.

É o professor que estará em sala de aula, e se responsabilizará diretamente pelo processo de ensino-aprendizado com os alunos.

Professores e alunos são muito mais importantes do que políticos: os professores permanecem, os políticos passam, e quando deixam mazelas, cabe ao povo lutar contra elas.”

Ocorre que há um desejo administrativo em mudar tal situação e impor, de forma arbitrária e revestida de despotismo, a fixação de sede. 

A fixação de sede foi uma saída para que os professores do Estado, mais especificamente do Ensino Fundamental II e Médio, pudessem constituir sua jornada numa escola, ou área escolar, sem precisar deslocar quilômetros de uma unidade escolar para outra. Nesse contexto: funcional e lógico.

Mas quanto ao Ensino Fundamental I e Ensino Infantil, principalmente em Ibiúna, é contraproducente (principalmente feito a toque de caixa e sem passar por um processo legislativo e democrático, como está sendo feito – e tudo que é feito às pressas, sem respeitar o rito legal e na escuridão, é duvidoso, e, com certeza, visa privilegiar alguém).

Os professores do Ensino Fundamental I e do Ensino Infantil constituem sua jornada escolar numa mesma sala de aula e Unidade Escolar: São responsáveis por uma sala de aula e pelos alunos que constituem aquela sala de aula.

Os professores do Ensino Fundamental I e Infantil são polivalentes (e isso é exigido pela Lei de Diretrizes e Bases Educacionais, pelos Parâmetros Curriculares Nacionais e pela Constituição – mas o desrespeito pelas Leis vem sendo latente). 

Desta forma, ilógica, irracional e contraproducente, a fixação de sede nos termos desejados pela Administração Pública: que pela horrível gerência da Rede Pública de Saúde, demonstra que pouco entende de Saúde, quiçá de Educação.

Democracia ou despotismo? A escolha cabe ao povo. A escolha cabe a quem está na linha na frente das salas de aula.” (C.R.)

 

 

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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