CAPELINHA – REFORMA DO PATRIMÕNIO HISTÓRICO E CULTURAL DE IBIÚNA PREOCUPA MUNÍCIPES

A reforma que a prefeitura está fazendo na Capelinha do Bom Jesus da Prisão, talvez o mais importante ícone histórico e cultural do município de Ibiúna, [no próximo dia 28 de agosto completa 91 anos] provocou nesta quarta-feira (29) diversos manifestos revelando preocupação por parte de munícipes.

Todos de alguma forma estão questionando se as obras estão respeitando as normas e restrições em imóveis tombados como patrimônio histórico e cultural, como é o caso da capelinha. Em pelo menos um grupo social do município o assunto foi objeto de diversas apreensões e chegou-se até mesmo a se sugerir que houvesse uma medida para que a situação fosse esclarecida pelas autoridades municipais.

A capelinha em si estava abandonada e em deplorável estado de conservação, nem mesmo a imagem do santo está em seu interior e sim guardada na Igreja Matriz da cidade.

Os munícipes desejam saber se o Condephaat – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico  e Turístico, órgão do Estado de São Paulo, foi consultado para realizar os reparos, que na verdade devem ter um caráter restaurador a fim de que haja a preservação mais próxima possível do estado original da construção. Igualmente indagaram se a Cúria Metropolitana de São Paulo foi informada e ouvida a respeito.

Em síntese, as pessoas querem uma garantia de que o imóvel receba os cuidados determinados pelos órgãos responsáveis pelos patrimônios históricos e culturais ou se as obras estão sendo feitos com acontece em obras normais em um imóvel comum.

E, por isso mesmo, aguardam uma comunicação oficial da prefeitura e da Igreja Católica. Aparentemente, os serviços já foram concluídos na fachada do prédio que recebeu nova pintura e os pedreiros estão realizando agora as intervenções no interior da capelinha.

A HISTÓRIA

De acordo com o historiador José Gomes (Linense), a imagem do Bom Jesus da Prisão veio da cidade do Porto, em Portugal, em 1884, trazida por Manoel Joaquim Neves Júnior, descendente de portugueses. A capela ainda de madeira foi construída em terreno doado por Galdino Raymundo Carmelo, também descendente de portugueses, em 1875.

Em 1925, Feliciano Abib, de nacionalidade sírio-libanesa, iniciou uma campanha para a construção do prédio da capelinha. A construção ficou a cargo do pedreiro e construtor João Silvestre, italiano de nascimento.

A Capelinha do Bom Jesus da Prisão foi inaugurada no dia 29 de agosto de 1928, ou seja, há 90 anos, em homenagem aos 117 anos de fundação da Freguesia de Una pelo capitão Salvador Leonardo Rolim de Oliveira. Portanto, a Capelinha torna-se um templo religioso de cunho internacional.

As árvores ali existentes foram uma contribuição da colônia japonesa. Dada a sua importância, foi estampada em bilhetes da Loteria Federal. E também o único bem tombado para fazer parte do patrimônio histórico e cultural da Estância Turística de Ibiúna.

 A Capelinha com a fachada pintada, em julho de 2020

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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