IBIÚNA – ELES PODEM FAZER A DIFERENÇA ENTRE A VIDA E A MORTE

Para eles [e elas] não há tempo ruim, faça chuva, sol, frio, calor, seja dia ou noite. Nem faz diferença a situação das estradas, o lugar, as distâncias, as dificuldades para chegar e cumprir sua função: salvar vidas.

São profissionais de saúde que integram as equipes do SAMU e da APH e estão a serviço da vida 24 horas. Em 2020 atenderam a 3.161 casos, média perto de 9 pessoas por dia. Este ano, até o dia 15 último, já haviam atendido 690 casos.

Houve aumento de demanda dos serviços em decorrência da pandemia?

“No geral, observamos um aumento de 30% nos atendimentos, entre eles os casos de covid-19, tanto suspeitos quanto confirmados”, informa Viviane Rolim Martins, enfermeira responsável técnica, que atua na área da saúde há 21 anos e há nove meses chefia a equipe.

Nesta entrevista, Viviane revela a rotina heroica desse serviço que pode fazer a diferença entre a vida e a morte, altamente estressante devido à situação imponderável das emergências que exigem doses altas de adrenalina e, ao mesmo tempo, uma capacidade de concentração extrema para bem cumprir suas missões.  

A equipe passou a ser mais exigida devido à pandemia?

Sim. Antes da pandemia não éramos solicitados para atender uma febre ou uma tosse que eram tratadas em casa e hoje, por medo da pandemia, percebe-se um aumento significativo dessa ocorrências. Então, falamos em desgaste físico e mental onde enfrentamos o novo e desconhecido.  Alguns dos nossos profissionais além de atuarem no serviço de resgate atuam em linha de frente em outros serviços.

Quantos  estão atuando atualmente?

Hoje nossa equipe é composta por 30 profissionais sendo: 12 condutores, 15 técnicos de enfermagem e 04 enfermeiros sendo um responsável técnico, todos capacitados e qualificados através de cursos específicos.

Como são compostas as equipes?

O SAMU é composto por 01 condutor, 01 enfermeiro e 01 técnico de enfermagem (podendo ter  a formação por 02 técnicos) e o APH 01 condutor e 01 técnico.

Quantas ambulâncias de resgate estão em operação?

O município conta atualmente com 2 viaturas, sendo uma SAMU que é um serviço público de âmbito federal, vinculado ao Ministério da Saúde, com responsabilidade tripartite (União, Estados e Municípios), com gestão municipal e outra do APH consiste em Atendimento Pré-Hospitalar, atuando a nível municipal apenas.

Vocês entregam as pessoas no Hospital Municipal de Ibiúna e também em hospitais em Sorocaba, que em geral contam com mais recursos?

Sim. O que chamamos de transferências inter-hospitalares, sejam dentro do município
ou externas (intermunicipais).  Ressalto que o SAMU só realiza esse tipo de transporte  quando devidamente solicitado e autorizado pelo médico regulador da Central 192, o que ocorre com frequência quando se trata de um paciente considerado grave ou com risco de morte.

Como está o ânimo da equipe, sobretudo que vivemos uma pandemia extremamente perigosa?

Esperançosos e duvidosos, mas ainda guerreiros. Ficamos no mês passado com atendimento quase residual de pacientes com covid-19. Quando pensávamos que a vida voltaria ao normal nos deparamos com a nova onda da covid-19 com um aumento ainda maior de pessoas contaminadas e por vezes até famílias inteiras.

Como os profissionais do resgate estão se protegendo para evitar que sejam contaminados?

A biossegurança cumpre um papel de extrema importância para os profissionais de saúde, sendo um conjunto de medidas e procedimentos técnicos, equipamentos e dispositivos capazes de prevenir, controlar ou reduzir riscos.

Os profissionais fazem uso do EPI adequado como macacões com capuz, aventais impermeáveis, luvas cirúrgicas, máscaras cirúrgicas, máscara NR 95 óculos de proteção e viseira, lavagem das mãos, uso de álcool em gel constantemente. Contudo, já tivemos funcionário contaminado, como se verifica em quaisquer instituições.

CASOS MAIS FREQUENTES

. Casos mais frequentes nas residências são as convulsões  que são  contraturas involuntárias da musculatura que provocam movimentos descordenados geralmente acompanhadas pela perda da consciência

. Hipoglicemia, níveis baixos de glicose (açúcar) no sangue são  frequentes em pessoas com diabetes.

. PCR  é a ausência da atividade mecânica cardíaca que é confirmada por ausência de pulso e respiração

. Nas ruas, são as quedas da própria altura mais frequentes em idosos na área do centro e rodoviária

. Estradas, colisão carro x carro, moto x  moto, carro x moto e às vezes capotamento

. Construções, queda da própria altura, queda de telhado e andaime

. Os casos mais graves são vítimas encarceradas (presas nas ferragens)  tanto na zona rural e urbana e quedas em poços.

Como lidar com pessoas desesperadas, gravemente feridas?

Oferecer apoio psicólogo, falar com a vítima, tentar acalmar, mas nem sempre a situação permite devido à gravidade da ocorrência. Tem óbitos que são marcantes, mais a equipe sempre está preparada. Às vezes são vários óbitos no dia, por acidente, afogamento, intoxicação, suicídio, homicídio e óbito da própria natureza .

O esforço para salvar vidas não para, não é mesmo?

Não! Enquanto há sinais de vida o esforço prossegue até onde permitir. A equipe segue o protocolo suporte básico da vida, até a entrega o paciente no hospital .

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COMO PEDIR SOCORRO AO SAMU/APH

Os pedidos de socorro podem ser feitos por meio do telefone do SAMU 192 ou na própria Base para o serviço do APH (15) 3349-6796.

A base do SAMU/APH está localizada na avenida Antonio Falci [Marginal], próxima ao centro da cidade.

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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