CRÔNICAS DE IBIÚNA – OS VENDEDORES DE BALINHAS

Hoje caminhando na praça de Nossa Senhora das Dores, enquanto esperava a Caixa Econômica abrir para atendimento ao público às 11 horas, cruzei o caminho com cinco pessoas perambulando por ali. Um homem, acompanhado do seu filho pequeno, e quatro mulheres, uma delas com vestimentas surradas e uma filha no colo.

Todos levavam uma pequena caixa de papelão colorida na mão dentro da qual continha as mercadorias que ofertavam para os passantes:

– Olha a balinha! Compra uma balinha pra ajudar?

Uma das mulheres, já dando uma esticada pela Fortunatinho, conseguiu a proeza de vender quatro ou cinco balinhas para o mesmo cliente, talvez comovido com a situação da vendedora.

– Veja isso comentou um homem! É uma tristeza. Veja a situação dessas pessoas, o pai com o filho sob sol forte, abençoando mesmo aqueles que não atendiam as suas ofertas. “Deus abençoe!”

Quanto farão trabalhando ao longo do dia, ou por algumas horas. Quanto renderá uma pequena caixa com dez ou vinte ou quarenta balinhas? Mas viver é preciso e as pessoas vivem de muitas maneiras, até mesmo vendendo balinhas na praça e nas ruas centrais da nossa cidade.

Os vendedores, quando têm no colo um bebê ou uma criança que já caminha segura pela mão, conseguem cativar com mais facilidade o coração de pessoas que estão em trânsito para um lugar ou outro. Às vezes, com uma pitada de sorte, se deparam com pessoas que sacam um valor mais elevado, sem receber o produto em troca. Uma forma de generosidade, não tão rara como se pode imaginar.

De alguma forma, os vendedores de balinhas estão começando a ser tocados pela magia do espirito natalino que se aproxima no clima cristão do Natal. A natividade está indissoluvelmente ligada ao ato de doar presentes. E presente tem efeito mágico para quem recebe. Quando Jesus nasceu recebeu presentes dos três reis magos: ouro, mirra e incenso. Eles chegaram a uma manjedoura guiados pela luz de uma estrela, onde se encontrava Jesus recém-nascido.

Hoje (1º), às 19 horas, os ibiunenses poderão participar da inauguração da iluminação de Natal na praça de Nossa Senhora das Dores, um dos nomes santos da mãe de Jesus, na Capelinha, situada numa das partes altas da cidade, e na rotatória da entrada leste da cidade.

Que os raios dessas luzes coloridas encham o coração dos homens e se irradiem e se projetem sob o céu estrelado desta terra e que os vendedores de balinha consigam o que buscam para sustentar suas famílias, porque ainda é possível acreditar em milagres com pequenos gestos de amor ao próximo. (Carlos Rossini é editor de vitrine online)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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