SEO PARANÁ RECEBE TÍTULO DE “CIDADÃO IBIUNENSE” NA TERÇA-FEIRA
No dia 4 de setembro, vitrine online teve o privilégio de entrevistar e publicar a história de vida do senhor Olavo Queiroz de Souza, mais conhecido em Ibiúna como seo Paraná.
O título naturalmente chamou a atenção de milhares de pessoas: “Aos 112 anos, ex-escravo, Paraná revela segredos de uma longa vida.” Resultado: a matéria se tornou merecedora de uma profusão explícita de carinhos e reconhecimentos manifestos com palavras de quem o conheceu e dele guarda os melhores sentimentos de afeto e respeito. Nesse sentido, meu querido Amigo Paraná provocou uma notável unanimidade.
Sugerimos a todos que leiam o incrível relato publicado pela revista.
Agora, e feliz, recebo o convite da Câmara Municipal de Ibiúna para a sessão solene de entrega do título de “Cidadão Ibiunense” ao Paraná na próxima terça-feira (18), às 10h30. O evento é aberto ao público e será uma rara oportunidade para um reencontro afetivo.
A concessão do título de cidadania a esse ilustre personagem, que se mudou para Ibiúna em 1935, é fruto de uma iniciativa do vereador Geraldo Flávio Amaro (Aladin).
Entre os argumentos apresentados na proposta do parlamentar se encontra a abertura da matéria publicada por vitrine online na biografia do seo Paraná, que declarou:
“A felicidade não é dinheiro, não é propriedade, não é um bem que se adquire. Não é nada disso! Falo isso por experiência própria. Quando tinha dinheiro, propriedades, não era feliz. Hoje sou feliz, morando com minha filha e meu genro.”
Pertencente a uma família numerosa, Paraná, bem jovem, deixou a fazenda em que vivia em Jacarezinho com a família, no norte do Paraná, para se aventurar no mundo. Veio sozinho para Ibiúna. Chegou aqui depois de caminhar a pé dezenas de quilômetros e conseguir carona em antigo caminhão movido a gasogênio. Para trás ficaram 11 irmãos e irmãs, alguns já tinham falecido. Ao todo eram 23. Tomou essa decisão depois de observar que sua família de escravos, como ele, vivia em extrema pobreza numa plantação de café. Era uma forma de se tornar um homem livre.
Sua jornada é rica de acontecimentos surpreendentes, como o fato de ter se tornado comerciante bem-sucedido na cidade, conquistado confiança e amizade e ter uma condição financeira que lhe permitiu em determinado momento ter oito carros zero-quilômetro que, como ele próprio descreveu, não lhe trouxeram felicidade, mas sim o carinho da filha e do genro com os quais ele mora em um sítio próximo à área urbana da cidade.
Durante a entrevista na varanda de sua casa, onde tem uma cadeira e uma pequena mesa sobre a qual se encontra uma Bíblia [e uma caneta para anotações] que o inspira em suas orações diárias, pois é um homem de fé, exibiu um onipresente sorriso, entre uma frase e outra, além de uma memória incrível. Ele se lembra de fatos de modo preciso ocorridos quando tinha dois ou três anos e parece se divertir com essa capacidade admirável.
Preto numa terra colonizada, deu a volta por cima, com elegância, determinação e um jeito próprio de conquistar pessoas, “com todo o respeito”. É conhecido na cidade por ser namorador, fato que ele confirma e sorri. Sua vida merece um livro testemunhal da história do Brasil em mais de um século. Parabéns, Cidadão Ibiunense! (C.R,)
