IBIÚNA – EXONERAÇÕES NA PREFEITURA SURPREENDEM POPULAÇÃO
Até onde vitrine online conseguiu apurar, as exonerações do procurador geral e do secretário de Assuntos Jurídicos da Prefeitura de Ibiúna, publicadas no Imprensa Oficial da última quinta-feira (14), véspera de feriado santo no município, pegaram de surpresa até mesmo o pessoal do alto escalão da Prefeitura.
A revista publicou essa notícia com exclusividade e a repercussão de estranheza foi imediata.
Um alto funcionário municipal disse que no dia da exoneração ambos os atingidos “se comportaram de modo normal durante todo o dia como fazem habitualmente”.
Ele confidenciou que soube da notícia pela publicação da vitrine online e somente saberia do fato na segunda-feira, quando leria o Imprensa Oficial.
A mesma reação tiveram os vereadores ouvidos pela revista, que vão esperar pela segunda-feira para obter esclarecimento sobre o assunto. Na realidade, essa é a mesma expectativa da população.
Para quem procurou se desligar e aproveitar o feriado no município de Ibiúna, eis como a notícia foi veiculada, sob o título: “Ibiúna – O prefeito Paulo Sasaki exonerou hoje (14) duas figuras do primeiro escalão do Executivo”.
EUZÉBIO DA SILVA, cunhado de Fábio Bello, secretário de Desenvolvimento Urbano, foi exonerado do cargo de procurador geral e TADEU ANTONIO SOARES, ligado ao Fábio Bello, foi exonerado do cargo de Secretário de Negócios Jurídicos.
A portaria não esclarece os motivos de ambas as exonerações, mas trata-se de dois fatos que chamam a atenção no contexto da atual administração do município.
REPERCUSSÃO
Os motivos da repercussão popular foram dois: primeiro pela relevância do fato – a exoneração de dois integrantes do primeiro escalão do governo municipal; segundo pela completa ausência de esclarecimento sobre a razão por que a medida foi tomada pelo prefeito.
Sempre que falta transparência nas informações emitidas pelos órgãos públicos pode-se esperar a mesma reação.
Houve comentários, em pequeno número, diga-se de passagem, de pessoas que interpretaram a decisão do prefeito como um objetivo de ‘limpar a área’ e dar um novo rumo ao seu governo.
No entanto, a maioria absoluta, se manifestou com incredulidade. Eis algumas expressões: “vamos acreditar e fingir que somos o Pinóquio”, “começou o racha na atual administração”, “isto é jogo combinado para enganar o povo”, “tudo fachada”, “estão jogando pimenta nos olhos do povo”, “isso é jogada da prefeitura”, “vão dar um outro cargo, melhor”, “a eleição está chegando, acorda Ibiúna”, “novos acordos para a próxima eleição”, “tão de brincadeira, né?”, “Entra um prefeito, sai, entra outro, e nada muda”.
SUSPENSÃO DE NOMEAÇÃO
Nenhuma das pessoas ouvidas por vitrine online soube definir o que terá motivado as exonerações.
No entanto, no dia 25 de maio último, o Ministério Público de São Paulo publicou a seguinte decisão:
“Em ação ajuizada pelo MPSP [Ministério Público de São Paulo], por meio da Promotoria de Justiça de Ibiúna, o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo determinou a suspensão da nomeação do procurador-geral do município, proibindo que ele exerça qualquer cargo comissionado no âmbito da prefeitura enquanto o atual chefe do Poder Executivo local ocupar cargo eletivo. Em caso de descumprimento, haverá imposição de multa diária.”
Nos autos, o promotor Thiago Henriques Bernini Ramos acusa o prefeito e o procurador de nepotismo, que configura ato de improbidade administrativa. De acordo com a petição inicial, a nomeação do procurador decorreu unicamente do seu parentesco (cunhadio) com o vice-prefeito e o secretário de Desenvolvimento Urbano do município.
Uma sobrinha do vice-prefeito e filha do mesmo secretário já havia sido exonerada do cargo de assessora parlamentar em atendimento a uma recomendação da 1ª Promotoria de Justiça de Ibiúna.
CONFLITO COM PRESIDENTE DA CÂMARA
Na sessão da última terça-feira (5), conforme vitrine online publicou, o presidente da Câmara Municipal de Ibiúna, vereador Naldo Firmino, manifestou veemente defesa da Casa e alfinetou o secretário de Negócios Jurídicos da Prefeitura, Tadeu Antônio Soares.
Afirmou que o secretário, que já foi vereador e vice-prefeito, “precisa aprender a fazer política” e aprender a articular as demandas da Prefeitura de acordo com as exigências dos trâmites da Câmara.
“Não é mandando recadinhos nem sendo inconveniente que vai fazer funcionar a instituição”, disse, assinalando: “Infelizmente as pessoas acham que aqui é como comprar pão em uma padaria.”
O presidente da Edilidade frisou que não é a primeira vez que o secretário “falta com respeito com a Câmara”, razão por que decidiu ser enfático em sua manifestação que, aliás, foi reproduzida em grupos sociais.
Em síntese, as queixas do vereador se referem a condutas adotadas pelo secretário visando influenciar no ritmo da apreciação de projetos de lei de interesse do Executivo, como se a Câmara devesse tomar decisões “na hora que a Prefeitura quer”.
