FIM DE SEMANA VIOLENTO EM IBIÚNA FAZ TRÊS MORTOS E ASSALTO COM EXPLOSIVO EM CAIXA ELETRÔNICO NA PREFEITURA

crime barbaroDOMINGO, 13H45. Um homem armado invade um salão de beleza no centro da cidade dispara dois tiros à uma distância de um metro no peito do atual namorado de sua ex, que morre no ato. DOMINGO, 4H00. Dois rapazes seguem em uma moto na rodovia Bunjiro Nakao, sentido Capital-Interior. Na altura do km 54,7, em uma curva colide de frente com um caminhão que vai em sentido contrário. Ambos morrem na hora. DOMINGO, 2H20. Um bando armado com fuzis e metralhadoras arrebenta um vidro no saguão da prefeitura, e, numa rápida ação, explode um caixa eletrônico e leva o dinheiro. A operação terá durado pouco mais de cinco minutos.

CRUELDADE SEM LIMITE

O homicídio ocorreu no Salão de Beleza Fafa, localizado na rua Coronel Salvador Rolim de Freitas, 52, a cerca de trinta metros da Igreja Matriz de Ibiúna. Há aproximadamente um ano, Helena Kato, 37, mãe de três filhos de seu casamento, e uma das proprietárias do salão, rompeu um relacionamento de dez anos com o serralheiro Cleber José da Conceição, 37, que não aceitou a separação. “Ele era muito possessivo e ciumento e não podia me ver falando com ninguém”, lembra Helena.

Na sexta-feira (11), Cleber que reside [agora está foragido] em uma casa geminada nos fundos do Colégio Roque Bastos [distante menos de um quilômetro de onde ocorreu o crime] ligou para a ex-namorada e disse que ela fosse à sua casa, se não, ele iria até a casa dela, no bairro Votorantim, no km 61,5 da rodovia Bunjiro Nakao. Ela resolveu ir. No encontro, Cleber insistiu: queria que Helena voltasse para ele, mas ouviu que tudo havia acabado, “que não dava mais”.

Há oito meses, Helena havia conhecido pela Internet Rodrigo Antonio Fulini, 38 anos, morador em Sorocaba, uma filha de seis anos. Ele estava se separando. Tiveram o primeiro encontro e começaram a namorar. “Ele era carinhoso, amoroso, cuidador [tratava bem seus três filhos como sua filha], simpático, trabalhador.” Muito diferente de Cleber. Era mecânico na Asiática, uma oficina especializada de automóveis localizada em Sorocaba. De onde Rodrigo veio nesse domingo de moto, para almoçar com a namorada. Ambos estavam no fundo do salão, que tem três cômodos. Na verdade os dois estavam na parte de baixo da casa.

De repente, ambos se assustaram com um barulho forte de vidro sendo quebrado no andar de cima que dá para a rua. Cleber havia quebrado o vidro da porta perto da maçaneta e como a chave estava fixada do lado interno, conseguiu abrir a porta facilmente. Rodrigo, então, subiu a escada para ver o que havia ocorrido e deu de frente com Cleber, assim que entrou na sala. De forma surpreendente, cruel e impiedosa, o assassino disparou dois tiros à queima roupa no peito, sem chance alguma de defesa e Rodrigo caiu no chão morto. Helena disse à vitrine online que tentou entrar na frente do atirador para pedir que não fizesse aquilo, mas não conseguiu. Tudo foi rápido demais!

helena

Rapidamente, Cleber, antes de fugir, ainda ameaçou Helena dizendo que se o denunciasse iria ter o mesmo destino. E fugiu, não se sabe se a pé ou se havia mais alguém com ele. Helena deu seu depoimento na Delegacia de Polícia de Ibiúna, na condição de testemunha ocular do crime. Quando foi concluído o boletim de ocorrência ela voltou a chorar, como fizera antes, sentada numa calçada próxima ao salão. A cena do rapaz caído no chão era desoladora. Fora vítima de um crime bárbaro.

DOIS MORTOS DA RODOVIA

Quatro horas da manhã e lá vão em cima de uma moto Honda CG150 Titan, Rodrigo de Oliveira, 30 anos, pedreiro, morador no bairro Paiol Grande; no banco de trás, Johnatan da Silva Flávio, 21 anos, natural de São Roque e morador no bairro Gabriel. Eles seguem no sentido Interior e não sabem que daqui a pouco, no km 54,7 da rodovia Bunjiro Nakao, em uma curva próxima à Madeireira Madealves, irão colidir com um caminhão, que segue para São Paulo. Um Ford Cargo, de propriedade do Esterge Supermercado Ltda, que foi apreendido. Rodrigo e Johnatan morrem logo após o impacto frontal. Hoje de manhã os familiares de ambos estavam na delegacia, a fim de tomar as providências funerárias. O pai de Johnatan soube do fato por volta das 10 horas. Antes desse horário o pai de Rodrigo e seus irmãos já estavam na delegacia. Seus irmãos choravam.

DINAMITE NO SAGUÃO DA PREFEITURA

janelasO assalto deste domingo em um caixa automático no saguão da Prefeitura de Ibiúna foi o quarto, já ocorrido ali. A diferença é que nas três vezes anteriores usaram maçarico, mas desta vez utilizaram bananas de dinamite. O estrondo foi tão forte que chegou a acordar moradores próximo ao Paço Municipal. O caixa pertencia ao banco Santander e o dinheiro foi levado pelos assaltantes, com exceção de algumas notas chamuscadas pelo fogo da explosão que foram levadas para perícia em Sorocaba. Não foi divulgado o montante do dinheiro roubado.

O ataque foi fulminante [não se sabe exatamente o número de integrantes da quadrilha]. Encapuzados e fortemente armados, destroçaram um vidro que fica na porta de acesso ao saguão da prefeitura. O ímpeto da invasão assustou um guarda civil municipal que fazia segurança do local. Ele chegou a ouvir: “Vamos, explode logo”.

Por instinto de sobrevivência, o guarda se escondeu embaixo de uma mesa em uma das salas com divisórias, no Departamento de IPTU, segundo consta no boletim de ocorrência. O guarda ainda chegou a ouvir, num momento de terror: “Aparece aí, que estou com o fuzil na mão.”

Aparentemente, os assaltantes controlaram toda a área ao redor da prefeitura. Um dos bandidos, armado com um fuzil, se dirigiu ao velório que fica nos fundos da prefeitura e apontando a arma, exigiu que todos fossem para dentro. “Vão pra dentro, antes que disparo essa p….”, gritou.

Segundo um investigador ouvido por vitrine online, trata-se de uma quadrilha especializada, de São Paulo, que aluga armas para realizar essas operações, e que talvez seja a mesma que recentemente realizou roubos em bancos em Piedade e Mairinque.

DANOS

A explosão foi tão potente que destruiu uma sala junto à qual estava instalado o caixa eletrônico e oito vidros grandes da janela [além do que haviam quebrado para entrar no saguão], até mesmo parte do reboco do teto veio ao chão, mas, por volta das 11 horas da manhã, funcionários da prefeitura já haviam removido quase todo entulho, mas se viam grande quantidade de cacos de vidros na parte rente à janela. O cofre foi levado, mas uma parte da estrutura de ferro do caixa restava ainda do lado de fora do prédio municipal.

explosão

 

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.