MORRE OTÁVIO FRIAS FILHO, DIRETOR DE REDAÇÃO DA FOLHA DE S. PAULO

Fiquei surpreso ao ver hoje (21) a notícia da morte do escritor, dramaturgo e jornalista Otávio Frias Filho, diretor de Redação da Folha de S. Paulo por trinta e quatro anos. Otavinho, como o chamávamos na Redação, morreu aos 61 anos vítima de um câncer iniciado no pâncreas.

Ele, autor do Projeto Folha que tornou essa publicação uma das mais importantes do Brasil, na verdade modernizador do jornalismo no Brasil, foi meu chefe durante o período das Diretas-Já, que fundamentalmente significava o fim efetivo  da ditadura militar de 1964. Nós trabalhávamos intensamente engajados no projeto de fazer do Brasil uma democracia.

Otavinho era serião, discreto, intelectual rigoroso e exigente em relação à produção da Folha de S. Paulo onde ingressou ainda jovem, com 17 anos. Magro e, em geral silencioso, reuniu um grupo de jornalistas, entre alguns medalhões, e terá criado o melhor jornal brasileiro nas últimas décadas.

Comprometido com a melhoria contínua da Folha, era um personagem respeitado por todos os seus colaboradores, sempre defendeu a diversidade de ideias como primado de uma convivência culturalmente saudável.

À sua mulher e filhas rendo minha respeitosa homenagem a esse homem que conheci quando era bem jovem, com uma cara de menino. (Carlos Rossini)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.