156 ANOS – IBIUNENSES NATOS E POR ESCOLHA REVELAM O QUE SENTEM PELA CIDADE

As relações dos homens com a sua terra tem raízes profundas. Elas vão muito além da mera relação do corpo com os objetos e as imagens do mundo exterior com que se deparam. A terra é mãe acolhedora, o lugar com o qual as pessoas se identificam, se familiarizam, se sentem confiantes e seguras. Esses vínculos com a terra são dotados de riqueza simbólica de valores, crenças e significados.

Para homenagear Ibiúna aos 156 anos, a revista vitrine online fez uma pergunta a algumas personalidades que nasceram ou escolheram viver em Ibiúna: “O que Ibiúna significa para você? Como se poderá notar pelas respostas, ninguém fica indiferente ante essa indagação. Ela toca fundo nos sentimentos.

Nesse dia especial de aniversário, leiam o que disseram alguns cidadãos e cidadãs. Todos, de alguma forma, se mostram esperançosos no despertar da consciência para que haja início uma nova história, uma oxigenação na forma de pensar, sem perder os laços da memória do passado e de suas tradições.

“A ‘terra escura’ (significado do nome Ibiúna) que precisa ‘vir à luz’ de um desenvolvimento sustentável que redescubra sua identidade agrícola e turística. Desenvolvimento este que traga oportunidades de trabalho à população, respeitando o patrimônio natural (águas e matas), resgatando a beleza escondida pelos diversos problemas estruturais e sociais, ainda marcantes. O lugar do bem viver, do clima saudável, da gente simples, o lugar onde queremos que nosso sonho de uma vida mais justa para todos se tornem realidade. Como gestor público, com trabalho e seriedade, de maneira incansável, quero colaborar no alcance de tudo isso.” – Eduardo Anselmo Domingues Neto, prefeito municipal.

 

“Ibiúna é o meu mundo. Aqui cheguei em 1963, formei minha família e trabalhei durante trinta anos na Casa da Agricultura. Adoro Ibiúna, por isso sou briguento quando vejo que as coisas não estão certas.” José Gomes (Linense), 75, historiador de Ibiúna, autor do livro Y Una Noiva Azul – História do Município de Ibiúna, publicado em 1997. Foi vereador por dezesseis anos.

 

“Ibiúna é minha casa, o lugar onde nasci. Amo este lugar. Jamais quis sair daqui. Aqui vivo com prazer e alegria com minha família, meus amigos e meus clientes.” – Lázaro Rolim de Freitas, 81, um dos fundadores do Superibiúna.
 

“Vinha com minha família de São Paulo passar todos os fins de semana em nosso sítio no Piaí, Com o tempo, fomos nos identificando, nos envolvendo com a cidade, e um dia acabamos mudando para cá. Sinto um carinho muito grande por Ibiúna e desejo que ela cresça, pois tem um potencial muito grande por suas belezas naturais, que não são bem exploradas. As pessoas são boas. O que parece faltar é vontade política para desemperrar a cidade. É lugar bom de se viver. Gosto de Ibiúna.” – Glória Piletti, pedagoga, diretora da Fapec. Foi secretária da Educação do Município no governo Jonas Campos.

 

“Ibiúna. Foi uma escolha nossa viver aqui, por sua natureza exuberante, por questão de saúde, pela proximidade de São Paulo, onde minha mulher e eu trabalhávamos como professores na área da Educação. Depois passamos a lecionar aqui na Escola Estadual Maria Angerami Scalamandré. Há dez anos abrimos a Fapec, primeira faculdade de Ibiúna. Creio que a cidade precisa avançar, ser mais empreendedora, o povo deve participar da política, exigir, fiscalizar as ações das autoridades públicas. É preciso evoluir.” Claudino Piletti, 70, professor doutor na área da Educação.

 

 

“Ibiúna significa tudo para mim, minha vida. Nasci aqui, aqui me criei, formei minha família, fiz questão que meus netos também nascessem aqui. Me envolvi com a cidade desde menino, acompanhando meu pai, Antonio Falci, que de sapateiro entrou na vida pública. Trabalhei muitos anos atrás do balcão do bar, vendi caminhões e tratores até entrar na política. Todo homem quando entra na política se transforma. Decidi trabalhar pelo desenvolvimento e progresso de Ibiúna e realizei muitas obras que são marcos definitivos das minha contribuição como administrador da cidade. Aos dezoito anos fui eleito vereador, e reeleito várias vezes, fui prefeito da cidade por dez anos, seis (quando não havia reeleição) de l982 a 1988, quatro da segunda gestão, de 1992 a 1996, sempre pelo mesmo partido, o PMDB. Acho que cumpri bem minha missão e espero que o novo governo de Ibiúna seja bom.” José Vicente Zezito Falci, 80.

 

“Minha relação com Ibiúna começou em 1980, quando meus pais adquiriram uma propriedade no Bairro Veravinha. A partir daí, foi impossível não me apaixonar por esta cidade com tantas riquezas naturais exuberantes, por este povo agradável e receptivo e, acima de tudo, pela força do homem do campo, que, incansavelmente, trabalha nossa terra para levar à mesa de milhares de pessoas os frutos da nossa agricultura. E foram todas estas belezas que motivaram o início da minha luta junto à SOS Itupararanga pela defesa da nossa cidade, visando garantir a melhoria do meio ambiente e da qualidade de vida da nossa gente. É muito satisfatório representar a sociedade civil de Ibiúna, e participar das decisões que envolvem o futuro da nossa cidade.” Viviane Rodrigues de Oliveira, 39, diretora da SOS Itupararanga.

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.