ANALFABETOS FUNCIONAIS NO BRASIL EQUIVALEM À POPULAÇÃO DA POLÔNIA

O Brasil tem o equivalente à população da Polônia, em número de analfabetos funcionais: 38 milhões, de acordo com Ana Lúcia Lima, pesquisadora e coordenadora do Indicador Nacional de Analfabetismo Funcional – Inaf, em entrevista ao “Jornal dos Professores”, do Centro do Professorado Paulista, edição fevereiro/março de 2019.

O resultado da pesquisa, que abrange o universo da população brasileira entre 15 e 64 anos nas regiões metropolitanas, cidades do interior e zonas rurais, deveria ser a preocupação número um do novo ministro da Educação, o colombiano naturalizado Ricardo Vélez Rodrigues, e não as baboseiras que tem veiculado nas redes sociais e declarações à imprensa.

Assim, o governo Bolsonaro estaria enfrentando a vergonhosa situação que mantém uma larga camada da população na ignorância que equivale a um crime social gigantesco.

Entre os brasileiros de 15 a 29 anos, 29% são analfabetos funcionais, aqueles que enfrentam as dificuldades cotidianas sem saber entender ou se expressar por meio de palavras e números. Desse total, 34% “estão alfabetizados apenas em nível elementar, o que impõe muitas limitações para atuar de maneira plena em uma sociedade letrada”.

Esses dados expressam uma dura e injusta situação, uma vez que o País “exige cada vez mais informação e habilidade de sua gente”. Aqui mesmo em nossa cidade, quantas vezes ouvimos dizer que os candidatos a um emprego não preenchem os requisitos necessários para serem contratados.

Analfabetismo funcional é definido como a incapacidade que uma pessoa demonstra ao não compreender textos simples. Tais pessoas, mesmo capacitadas a decodificar minimamente as letras, geralmente frases, textos curtos e os números, não desenvolvem habilidade de interpretação de textos e de fazer operações matemáticas.

Coincidentemente, quanto mais alto o nível de alfabetismo, mais alta é a renda do inidivíduo. O inverso também é verdadeiro: os analfabetos funcionais e menor escolaridade ficam com a menor renda.

Ana Lúcia Lima apresentou indicadores relativos ao ano de 2018. O que torna ainda mais preciosas as revelações é o fato de o Brasil não dispor de estatísticas oficiais sobre o alfabetismo na população brasileira entre 15 e 64 anos.

A coordenadora do Inaf é categórica em relação ao que precisa ser feito:

“Estabelecer os níveis de alfabetismo dos brasileiros e dimensionar a proporção de cada nível  na população possibilita trazer esse tema  para debate na sociedade brasileira para o enfrentamento dos desafios que ainda permanecem.”

Até o momento pelo menos o ministro Vélez não fez aceno algum de que o governo está preocupado em enfrentar essa situação que alija uma vasta parcela da população da esperança de uma vida melhor para todos prometida pelo novo ocupante do Palácio do Planalto. (Carlos Rossini é editor de vitrine online)

 

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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