VIVER NO BRASIL DA ATUALIDADE PARECE UM PESADELO

As graves ofensas e ameaças perpetradas pelo deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ) aos integrantes do Superior Tribunal Federal são não apenas ultrajantes, mas emblemáticas do pesadelo institucional vividos nos dias atuais no Brasil.

O parlamentar carioca foi preso por determinação do próprio TSF e a Câmara Federal deverá decidir se deve continuar preso ou solto, enquanto partidos políticos já iniciam processos para a cassação do furibundo e violento que responde a diversos processos judiciais. A Procuradoria Geral da República já abriu processo contra o procedimento do deputado.

Hoje (17) a agressiva atitude de Silveira provocou intensa repercussão em toda a mídia e nos meios políticos brasileiros. Na hora de sua prisão, de um modo truculento que parece fazer parte de sua biografia até mesmo como ex-policial militar, ele se recusou entrar na Polícia Federal com o uso de máscara facial que, acabou colocando em seu rosto, depois de vociferar contra essa exigência.

Esse episódio de desrespeito à instituição que, de sua parte deveria ser exemplo de conduta jurídica para o país, ocorre num momento em que o Brasil passa dos 240 mil óbitos por coronavírus, com falta de vacinas para proteger a população, efeito de uma política pífia do governo federal que negou a gravidade do vírus, apostou em um tratamento precoce ineficaz, e subestimou ou desprezou as providências responsáveis e orientadas pela ciência para combater essa gravíssima enfermidade viral.

O presidente da República continua dando os seus shows como se fosse um atleta inacessível ao vírus, assim como seu ministro da Saúde demonstrou uma incompetência logística reiteradamente, também no que diz respeito às mortes em Manaus por falta de oxigênio e o engodo ineficaz da cloroquina. Hoje é cabal, como atesta a Organização Mundial de Saúde, que a postura do presidente e do seu acólito não tem o menor fundamento científico.

Enquanto isso, milhões de brasileiros aguardam receber um dinheiro para não morrer de fome, o número de desempregados passa dos 14 milhões, além do aumento de todos os produtos como se pode observar nos supermercados, nos postos de combustíveis e de venda de gás de cozinha.

Os brasileiros vivem um pesadelo inédito nas mãos de um presidente liliputiano, de um congresso comprometido com os seus interesses pessoais e conchavado com o poder Executivo.

O preço que os brasileiros estão pagando por terem eleito um presidente para lá de inconsequente deverá ser ter seu registro histórico muito além do fanatismo e do fundamentalismo em torno de uma figura que evoca Deus com propósitos políticos, como os bispos que arrecadam milhões dos fieis e vivem nababescamente e ainda riem dos seus incautos seguidores. (C.R.)

Atualização: Quando Daniel Silveira era policial militar, entre 2013 e 2017, então soldado da PM sofreu 60 sanções disciplinares, 14 repreensões e 2 advertências por transgressões diversas. E, mesmo assim, foi eleito deputado federal pelo então partido do presidente Jair Bolsonaro, o PSL.

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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