MAS, QUE PAÍS É ESTE?

A juíza que decidiu proibir que uma adolescente estuprada fizesse aborto, o assassinato de um indigenista e um jornalista britânico na remota floresta amazônica, abrigo para todo tipo de criminalidade, um procurador que covardemente agrediu uma colega de trabalho em Registro (SP) – fatos de grande repercussão.

Esses acontecimentos, além da violência diária contra mulheres retratada nos programas televisivos, e do medo generalizado da população, põem em xeque um problema que se agigantou nos últimos anos: a falta de credibilidade pública nos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

Para uma pessoa minimamente desperta para a realidade por certo fica cada vez mais incrédula e desesperançada nisso que se chamam instituições públicas criadas exatamente para proteger e garantir segurança aos cidadãos. Elas se mostram incapazes de utilizar seus poderes em prol da sociedade.

Quem se atreve a sair de casa à noite, tanto nas grandes metrópoles, como Rio de Janeiro e São Paulo, ou em qualquer lugar em que os riscos de um assalto são constantes?

Quem deve cuidar de combater a fome que atinge mais de 33 milhões de brasileiros e as mortes causadas pela desnutrição e enfermidades oportunistas?

O que faz com que policiais rodoviários federais improvisem uma câmara de gás que sufoca e mata um portador de problemas mentais?

Por que um vereador crava uma frase racista em plena sessão legislativa ou deputados assediam mulheres e se envolvem com foras da lei, com os quais agem aeticamente por uma ambição desenfreada pelos prazeres conferidos pelo dinheiro pela via da corrupção generalizada?

Se um parlamentar age como age no Congresso Nacional, de forma vergonhosa, um presidente diz coisas absurdas com a maior sem cerimônia e magistrados são afrontados com desrespeito, porque também fazem coisas erradas, o que se pode esperar do País?

Certa vez, demonstrando que nossa história é pródiga em comportamentos cínicos e falsos, um político indagou: “Que país é este?”

Eu não sei, talvez você, leitor, possa pensar nisso e tentar responder. O povo, ora, o povo! Não significa muito para aqueles que almejam se encastelar no poder, mas que não passam de deuses inferiores, às vezes psicopatas, e, felizmente, sujeitos às leis que regem a vida que estabelece um final para todos, acima de tudo. (C.R.)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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