IBIÚNA – PERTURBAÇÃO DO SOSSEGO PÚBLICO É O QUE MAIS DÁ TRABALHO ÀS AUTORIDADES

A importunação do sossego público por meio de emissão de som além do volume permitido, sobretudo na área rural e nos fins de semana, foi apontada como evento que dá mais trabalho tanto à Guarda Civil Municipal quanto à Polícia Militar no município de Ibiúna.

Essa constatação foi manifestada ontem à noite durante transmissão ao vivo do programa “Segurança em Ibiúna”, veiculado pela TVUNA, com a participação do comandante da 2ª Cia. da PM em Ibiúna, capitão Ricardo Machado; secretário municipal de Segurança Pública, GCM Dito Santos, e Antônio Moraes, comandante da GCM.

O programa, apresentado pelo jornalista Carlos Rossini, foi exibido ao vivo por meio do Youtube, Instagram e Facebook.

HOMICÍDIO

Foi exatamente um desses problemas que provocou na noite de 22 de março último, quarta-feira, um homicídio no bairro do Gabriel. Um homem foi reclamar do som alto em uma residência e acabou matando a tiros o proprietário da residência e ferindo seu filho. Fugiu, mas acabou se entregando e está preso.

Antônio Moraes informou que a GCM recebe chamados de pelo menos 30 ocorrências desse tipo somente nos fins de semana. Em média são feitas 4 autuações nesse período, quando há maior concentração de festas e muito barulho, sobretudo nas chácaras.

MULTAS NO COMBATE

O comandante da GCM anunciou, durante o programa, que, com a regulamentação da Lei nº 1.890, de 16 de outubro de 2013, através do decreto 3.105, de 12 de fevereiro último, o valor das autuações aumentou consideravelmente, com o objetivo de coibir essas infrações pegando no bolso dos infratores. Antes, essa multa era irrisória: R$ 80,00 reais por infração.

“Agora as multas se iniciam na primeira autuação em cerca de R$ 2.600,00, dobrando na reincidência, podendo atingir até 600 salários mínimos em casos repetitivos mais graves”, realça Moraes.

A propósito, vitrine online recebeu informação de que dois restaurantes, um localizado na avenida Fortunatinho, e outro, na estrada do Lajeadinho, já foram autuados em cerca de R$ 10 mil cada, por reincidirem tanto no que diz respeito ao alto volume do som quanto descumprimento do horário de funcionamento.

BOM SENSO E RESPEITO

O capitão Ricardo Machado que assumiu o comando da 2ª Cia da Polícia Militar em Ibiúna em setembro do ano passado argumentou que é preciso que as pessoas se comportem com “bom senso e respeitem os outros” em seu direito ao sossego e à tranqüilidade em seus lares.

A propósito, quando assumiu a função em Ibiúna, Machado fez a promessa de “deixar a cidade uma das cidades mais seguras do Estado. Assinalou que isso será conseguido “com muito trabalho, dedicação e apoio de toda tropa e da população”.

O secretário da Segurança Pública, Dito Santos, por sua vez, assinalou que o barulho que fazem nas chácaras atinge diretamente os agricultores do município que “levantam de madrugada para produzir alimentos” e precisam descansar.

CRIMINALIDADE EM QUEDA

Os três participantes da entrevista informaram que os índices de criminalidade estão em queda, ainda que a população venha manifestando notável sensação de insegurança.

Dados que recebemos hoje (4) da Secretaria de Segurança Pública do estado de São Paulo confirmam o que disseram:

“No primeiro trimestre deste ano, as ações policiais possibilitaram as quedas de 6,5% nos roubos e 21,5% nos furtos, além da prisão de 32 criminosos na região.”

No entanto, houve três homicídios na cidade [dois de natureza passional e um terceiro por discussão de som alto, como apontado acima] que não foram inseridos na informação do trimestre encerrado em março. Um deles aconteceu na avenida São Sebastião em frente à sede da GCM, todos amplamente divulgados pela imprensa local, regional e nacional.

MORADORES DE RUA

O comandante da GCM comentou que em Ibiúna existem cerca de 50 moradores de rua, sendo 30 da cidade e 20 de outras localidades. Afirmou que a instituição cadastra e monitora a presença deles em pontos da cidade, como sob a marquise de um prédio onde funcionava um supermercado no Calçadão e na praça da Matriz.

“Embora venhamos fazendo todo esforço para encontrar uma solução para esse caso, até mesmo arranjando colocação na frente de trabalho, eles não aceitam, já que recebem regularmente alimentos de restaurantes e lanchonetes locais.”

A GCM também procurou estabelecer contato com os seus familiares ou fazer com que se submetam a tratamento contra consumo de drogas, mas sem um efeito satisfatório.  Trata-se, na realidade, de um complexo problema de natureza social.

OPERAÇÃO DELEGADA

O capitão Machado, durante o programa, propôs que a Prefeitura de Ibiúna contrate o serviço disponibilizado às prefeituras por meio da chamada Operação Delegada, que vem sendo defendida pelo presidente do Conseg em Ibiúna, Marcelo Zambardino, há mais de ano, o que representará um importante reforço no policiamento ostensivo no município. Na territorial do 40º Batalhão de Polícia Militar Interior, com sede em Votorantim, Ibiúna é única cidade que ainda não firmou esse convênio, segundo Zambardino.

A Operação Delegada é realizada por meio de um convênio entre a Prefeitura e o Governo do Estado de São Paulo para que agentes voluntários da Polícia Militar reforcem o policiamento na cidade durante suas folgas.

O comandante da GCM, por sua vez, argumentou, que o prefeito de Ibiúna não é contrário a essa medida, mas que deverá tomar uma decisão sobre essa assunto “quando tiver disponibilidade orçamentária”.

MARIA DA PENHA

O secretário da Segurança Pública, Dito Santos, citou que a Patrulha Maria da Penha da Guarda Civil Municipal, já implantada, “é um trabalho voltado à proteção de mulheres em situação de violência, por meio da atuação preventiva e comunitária, tem como missão prevenir e combater a violência física, psicológica, sexual, moral e patrimonial contra as mulheres”.

“Temos uma viatura específica destinada exclusivamente para esses atendimentos com GCM’s Femininas que passaram por uma capacitação para o trabalho da Patrulha Maria da Penha.”

“Dentre os inúmeros trabalhos da Patrulha, atuarão especificamente na identificação e seleção de casos a serem atendidos, após encaminhamento pelo Poder Judiciário, Ministério Público e demais órgãos de proteção a mulher das esferas municipais e estaduais; visitas domiciliares periódicas e dos casos selecionados e verificação do cumprimento das medidas protetivas aplicadas pelo Ministério Público Estadual ou autoridade policial competente a adoção das medidas cabíveis no caso de seu descumprimento”, disse o secretário.

‘BOTÃO DE PÂNICO’

Ainda, como ferramenta para auxiliar o trabalho voltado à proteção de mulheres em situação de violência, nesse primeiro semestre, elas terão à disposição o aplicativo ‘Botão do Pânico’ que será implementado para as mulheres acompanhadas pela Patrulha Maria da Penha da Guarda Civil Municipal.

Dito Santos garantiu que o botão de pânico “também será estendido às escolas municipais ainda neste primeiro semestre”.

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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