IBIÚNA – NOTÍCIA DO FECHAMENTO DO CAPS IJ REFLETE A FALTA DE COMUNICAÇÃO DA PREFEITURA

Para um Executivo que este ano vai administrar recursos superiores a R$ 300 milhões e que, no acumulado dos anos de 2021/ 2022 até maio de 2023 arrecadou R$ 708 milhões, era de se esperar que praticasse uma comunicação de melhor qualidade e transparência com a população.

Mas, ao invés disso, se repete a tradição histórica de jogar na retranca informando o mínimo possível e investindo muito na promoção de assuntos do seu interesse para conquistar simpatia e aprovação popular.

Assim tem sido a conduta do atual governo ibiunense de modo irredutível. Dos infinitos pedidos de informação sobre temas de interesse da população que temos encaminhado frequentemente para fins jornalísticos quase nunca recebemos atenção e resposta. E isso não se deve ao profissional que atua nessa área e sim aos mandarins internos.

Bem, se não fosse a TVUNA, no programa ao vivo ontem (28) à noite e, em seguida a revista vitrine informar enfaticamente, com base em informação de fonte pertinente, que o CAPS IJ seria fechado, a população não ficaria sabendo da grande mudança que está em processo na cidade em relação aos atendimentos terapêuticos de pessoas com algum tipo de problema mental na faixa infanto-juvenil do município totalizando cerca de 2.000 pacientes.

Ao ler a notícia na revista vitrine online, um vereador imediatamente encaminhou um ofício ao prefeito da cidade, Paulo Sasaki, pedindo esclarecimentos sobre o assunto, já que a notícia provocou notória reação de indignação, sobretudo de pessoas que têm familiares pacientes nessa faixa etária.

Logo pela manhã uma alta autoridade da prefeitura enviou uma mensagem: “Bom-dia. Não fechou. É fake. Cuidado!. Apague, amigo.” A resposta: “A melhor forma de apagar é o esclarecimento oficial e transparente da prefeitura.” Mais tarde: “Já te mando.” De fato mandou um comunicado no fim do dia publicado inicialmente com um equívoco, retirado do ar e relançado com a correção, e um vídeo protagonizado pelo subsecretário da Saúde do Município.

Em resumo a mensagem diz: não vai fechar, ao contrário vai ampliar e melhorar os atendimentos.

A fonte da TVUNA e da vitrine online que pediu para não ser identificada informa o seguinte: “Todos os funcionários do CAPS IJ foram chamados a comparecer no setor de pessoal da Prefeitura na segunda-feira (3). Todos serão transferidos para trabalhar no Núcleo de Apoio e Assistência Inclusiva Novo Arco-Íris. Em suma: como não haverá mais funcionários no ambiente do CAPS IJ, a partir de segunda-feira ele estaria fechado. Vamos conferir!

No entanto, o secretário da Saúde, Valdir Messias, em contato com a revista, disse que uma parte dos pacientes que eram atendidos no CAPS IJ serão transferidos para o Novo Árco-Íris e, outra parte, dependendo das necessidades de tratamento, prosseguirão sendo atendidos ali mesmo na casa do CAPS IJ.

Já a fonte que pede para não ser identificada informa que esse procedimento “é ilegal” porque, na realidade, o conjunto de pacientes infanto-juvenis estaria deixando o tratamento com base na psiquiatria e passando a ser atendido a partir do conceito de pessoa com deficiência física. “É como se um paciente com doença mental fosse transferido para um setor de ortopedia de um hospital”, exemplificou.

E isso precisa ser esclarecido perante a população pelas autoridades.

Daí se explicaria porque a secretária de Direito da Pessoa com Deficiência, Flávia Adad Denardi, ter protagonizado também o vídeo em que a prefeitura esclarece as mudanças.

Os pacientes do CAPS IJ deixarão de ter atendimento no âmbito da Secretaria da Saúde e passarão para a sua Pasta. A propósito, o secretário disse que nesse novo modelo o atendimento deverá melhorar, com redução nas filas de espera.

De um modo ou de outro, o que fica claro nesse quadro é uma confusão por falta de habilidade de lidar com o processo de comunicação com princípios de transparência.

Ao chegar nesse ponto, o imbróglio originou hoje o registro de um boletim de ocorrência na Delegacia de Polícia por ofensa à “honra subjetiva”, em uma publicação feita na página do “Ibiúna Notícias”.

Em suma, nem o comunicado nem o vídeo feito às pressas pela Prefeitura “condenando falsas notícias sobre o fechamento do CAPS IJ” e, dizendo, ao contrário, que o atendimento será melhorado e ampliado, foram capazes de irem além dos limites do eufemismo. (C.R.)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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