IBIÚNA – NÃO HÁ GREVE NO HOSPITAL, MAS ATRASO DE PAGAMENTO, SIM

Acredito que, como eu, a maioria dos ibiunenses ficou surpresa com o “esclarecimento” divulgado ontem (3) pela Prefeitura de Ibiúna informando que “não existe greve alguma no hospital [Hospital Municipal de Ibiúna] e que ele continua funcionando normalmente”.

Vitrine online apurou hoje que não há greve no hospital, mas, sim, atraso de pagamento de médicos há dois meses e também dos profissionais que atuam no setor de raio-X, que estariam recebendo o salário em parcelas. Essas informações são passadas com extrema cautela por notório temor de perseguição política, como se pode perceber nitidamente no comportamento dos profissionais da saúde, dentro e fora do hospital.

Mas, não deixa de ser uma surpresa o equívoco primário cometido pelo Executivo. Pelo “esclarecimento”, ficamos sabendo que não sabíamos que o hospital não estava em greve. A situação chega a ser hilária!  

A nota é aberta com uma saudação: “Prezados cidadãos”.

Na nota, a prefeitura afirma que postagens informando que o Hospital de Ibiúna está passando por uma crise “são completamente falsas e infundadas” e reitera que “não existe greve alguma no hospital e que ele continua funcionando normalmente”.

A prefeitura pede “a colaboração de todos para evitar a disseminação de informações inverídicas e contribuir para um ambiente de confiança e segurança”.

Enfim, pede o apoio da população “para compartilhar a verdade e promover a transparência em relação aos esforços empreendidos para o fortalecimento da unidade hospitalar do nosso município”.

VERDADE E TRANSPARÊNCIA

Vitrine online tem publicado reiteradamente que as sucessivas administrações municipais em Ibiúna não primam pelo exercício da verdade e transparência em relação à sociedade. Na verdade, capricham cada vez mais na autopromoção, negligenciando exatamente a chamada transparência.

E também não demonstram familiaridade com as boas práticas da comunicação social. No caso em tela, ao reagir ao que chamam de fake news, acabaram potencializando exatamente o conteúdo das falsidades que ataca. Muita gente que nem sabia dessa fake news, agora tomaram conhecimento dela.

A decisão também demonstra uma fragilidade identitária por parte do poder público que se deixa influenciar por provocações de simples fake news. Se o hospital está funcionando normalmente, por que se preocupar e se apressar em reagir a ‘informações falsas’ lançadas nas redes sociais por um cidadão, certamente nutrido por informações captadas no ambiente do próprio hospital? (C.R.)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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