IBIÚNA – FAKE NEWS PEGOU CARONA NA MÁ FAMA HISTÓRICA DO HOSPITAL

Por estes dias, a Prefeitura de Ibiúna, de modo mais específico o setor de saúde pública, pulou miudinho com uma fake news disseminando nas redes sociais ‘informação’ de que o Hospital Municipal de Ibiúna estaria em greve.

As respostas do poder público igualmente divulgadas nas redes sociais procuraram obviamente negar a publicação como fato verídico e, ao mesmo tempo, tranquilizar a população.

O secretário municipal da Saúde, Valdir Messias, exibiu um vídeo, gravado em um dos corredores do hospital, em que “repudia as mentiras divulgadas”, informando que o hospital estava recebendo inúmeros telefonemas da população influenciada pela fake news.  

Ao seu lado estava postado um jovem médico boliviano que fez uma breve declaração afirmando que o atendimento hospitalar estava normal.

Notamos que apenas um médico apareceu na cena, que exigia a presença de um grupo de médicos para corroborar de modo definitivo a situação de normalidade.

Temos dito aqui que a Prefeitura, e não apenas a atual administração, mas a sequência de muitas, não sabe lidar com a comunicação social a partir das boas práticas ensinadas nas escolas de jornalismo ou relações públicas. Agem de modo pontual e fragmentário, sem um fundamento claro da imprescindível missão de informar a população.  

Há dois aspectos que gostaríamos de destacar aqui. A primeira dúvida é: Como a população se deixa levar por notícias falsas, normalmente anônimas ou escondidas atrás de rótulos de grupos sociais? Segundo, por que a população não consegue distinguir entre uma informação insustentável e outra baseada em critérios e ética profissionais, divulgada por um jornalista profissional?

Infelizmente, uma imensa parcela da população não consegue perceber as diferenças entre uma informação jornalística responsável e a leviandade de postagens maledicentes.

UMA LIÇÃO OPORTUNA

Veja então o que o portal UOL – Universo On line, a maior empresa brasileira de conteúdo, com dezenas de milhões de leitores/mês, notifica no final de certas notícias. Trata-se de uma lição oportuna sobre o que foi publicado:

“Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.”

Então um indivíduo vê uma oportunidade de melar alguma coisa e posta uma fake news. Bem, se o alvo que pretende atingir é forte, tem identidade autossustentável, confia em si, tem ao seu lado a verdade – porque verdade não sucumbe a uma falsidade –, nada de mais sério ou grave pode acontecer.

Nesse caso específico, a maior fragilidade se encontra exatamente na reputação histórica do hospital, recheada de greves [chegou até a fechar em janeiro de 2020], atrasos de pagamento dos profissionais de saúde, demoras crônicas nos atendimentos, número reduzido de médicos nos plantões, e falta de recursos.

Se a impressão que a sociedade tem do seu hospital fosse outra, positiva, é óbvio, a fake news não colaria. A população pura simplesmente não faria caso. Assim, a notícia falsa não ganharia a extensão que ganhou. Simples assim!

Por outro lado, mas não menos importante, é a conhecidíssima falta de transparência por parte do Executivo que, somente em situações excepcionais, como é o caso do vídeo mencionado nesta matéria, a autoridade vem a público, para salvar uma imagem que na realidade nem mesmo existe, não passando de um borrão informe. (C.R.)  

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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