EDITORIAL – AO APROVAR PEDIDO DE REVISÃO DAS CONTAS REJEITADAS DE BELLO, CÂMARA DE IBIÚNA SE CHAMUSCA

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Parece não ter sido suficiente a vergonhosa aprovação, por parte da base aliada do prefeito de Ibiúna, do Projeto de Lei nº 341/2016, no dia 16 de fevereiro, que não apenas autorizou como retroagiu ao dia 8 de dezembro de 2015 a contratação de uma empresa para prestar serviço de cobrança de zona azul, que teve o efeito de legalizar uma atitude ilegal do chefe do Executivo, que o colocaria numa fragilíssima situação jurídica.

Hoje (10), a mesma base governista se superou na arte de se curvar aos desejos imperativos do prefeito, com a devida unção do presidente da Câmara, Paulo Sasaki (PTB), aliado de Fábio Bello (PMDB), ao aprovar o pedido de revisão das contas de 2007 e 2008 para “limpar” em parte sua imagem política, que a vereadora Aline Borges (DEM) protocolou na secretaria da Câmara Municipal, no dia 1º de março, ou seja, há três meses e dez dias.

Nesses quase cem dias, o pedido ficou hibernando na Comissão de Redação e Justiça, presidida pelo líder do governo, vereador Devanil Candido de Andrade (PMDB), depois que vitrine online publicou duas notícias, numa das quais a medida foi tachada de “absurda” e “desnecessária” pelos vereadores e observadores políticos ouvidos pela revista. Sasaki na ocasião afirmou que isso era “uma coisa que já havia sido decidida pela Câmara” em sessão que ele próprio participou há seis anos e deu voto favorável às contas, e que, portanto, não fazia sentido retomar o caso.

Desta vez, o quarteto oposicionista que votou contra – Carlos Marques Jr. (PSB), Pedro Luiz Ferreira (PROS), Jair Marmelo de Oliveira (PCdoB) e Abel Rodrigues de Camargo (SD) – contou com o surpreendente voto, também contrário, da vereadora Rozi Soares Machado (PTB).

“Eles querem limpar o nome de Fábio Bello, mas a Justiça já se manifestou abonando a decisão da Câmara”, diante do recurso interposto pelo prefeito, lembrou o vereador Carlos Marques Júnior.

QUEM VOTOU A FAVOR

Votaram a favor da revisão das contas rejeitadas de Fábio Bello os vereadores Israel de Castro (PSDB), Davanil Candido de Andrade (PMDB), Aline Borges (DEM), Rodrigo de Lima (PCdoB), Paulo Cesar Dias de Moraes (PR), Beto Arrais (PPS), Luiz Carlos de Carvalho (PMDB), Leôncio Ribeiro da Costa (PDT).

Paulo Sasaki, na condição de presidente, não votou. Odir Bastos (PSC) não participou da sessão.

Pela proximidade temporal, esse fato lembra a atitude tomada, na segunda-feira (9) pelo presidente em exercício da Câmara Federal, Waldir Maranhão (PP), que, num quixotismo inconsequente, anulou a decisão que havia sido tomada, no dia 17 de abril, por 367 deputados federais no processo de impedimento da presidente Dilma Rousseff. Além da situação ridícula criada, até mesmo por ele ter anulado a própria decisão algumas horas depois, está na iminência de perder o cargo e ser expulso de seu partido. Há momentos em que, por uma incrível hipnose provocada pela embriaguez do poder, se perde a noção da realidade.

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.