MICHEL – AGORA POLÍCIA PODERÁ AVANÇAR NAS INVESTIGAÇÕES PARA PRENDER O AUTOR (OU AUTORES) DO CRIME QUE CHOCOU IBIÚNA

michel

A morte de Michel Willians Marcicano, 33, foi oficialmente confirmada hoje (4) pelo Instituto Médico Legal de São Paulo, por meio de exame de DNA em um fragmento de osso, quarenta e seis dias depois que seu corpo foi encontrado carbonizado no interior de um Fiat branco, do qual era proprietário, em uma fazenda semiabandonada no km 1,5 da Estrada Armando Setti, no bairro do Recreio.  O crime ocorreu na madrugada do dia 20 de maio de 2016.

A família poderá agora, no meio de um dolorido sofrimento, sepultar seu corpo, e a Polícia Civil de Ibiúna, sob o comando do delegado José de Arruda Madureira, “que não interrompeu em nenhum momento o processo de investigação”, poderá avançar e revelar para a sociedade ibiunense e prender o (ou os) autor(es) do um crime que comoveu, pela inacreditável crueldade, não apenas a população do município como o Brasil, pois a notícia teve repercussão nacional. “É ponto de honra para nossa equipe solucionar esse caso”, afirmou dr. Madureira hoje à tarde à vitrine online.

TRÊS SONHOS

MICHEL WILLIANS MARCICANO nasceu no dia 20 de agosto de 1983, terceiro de oito filhos, cinco homens e duas mulheres, do casal Jamil Marcicano e Jane dos Santos Marcicano, moradores no bairro da Ressaca no município de Ibiúna. Nutria três sonhos: fazer faculdade – realizou, formando-se em marketing e comunicação, na Uniso, em Sorocaba; ser eleito vereador – chegou muito perto, nas eleições de 2012, obtendo 606 votos, pelo DEM [houve quem, com pouco mais da metade dos seus escrutínios, que foi eleito pelo critério de coeficiente partidário]. Sua eleição, no dia 2 de outubro deste ano, era dada como certa, pois se tornou uma das pessoas mais populares da cidade.

“Na verdade, já pensava em se lançar agora candidato a prefeito”, revela seu pai, o ex-vereador Jamil Marcicano. “Via que o município estava parado no tempo, os políticos e administradores da cidade não pensando na população, mas em si próprios e no seu grupo. Desse jeito, Ibiúna não vai a lugar nenhum.”

Aos onze anos, Michel sentiu profundamente a falta da mãe que deixou a família e foi morar na cidade de Itapetininga. Lá teria mais quatro filhos em outra relação, mas acabou ficando sozinha. Aos dezoito anos, Michel decidiu ir morar com a mãe, de quem sentia falta e amava. Queria cuidar dela, estar perto. Ali conseguiu seu primeiro emprego com carteira assinada: auxiliar de comércio de uma loja de roupas. A irmã os visitou e achou que ambos estavam vivendo numa situação muito precária em uma pequena casa e resolveu trazê-los de volta ao bairro da Ressaca. E, desde então, Michel sempre morou com a mãe.

AMIZADE, RESPEITO E SIMPATIA

Jamil lembra que, com dez anos, Michel e seu irmão Jamil Jr. (11) foram trabalhar na roça, na plantação de tomate e batatas do Matsuda, na altura do km 77 da rodovia Bunjiro Nakao. O pai se lembrou que, quando menino, ia com o irmão trabalhar em uma carvoaria.

Quando foi iniciar seus estudos em Ibiúna, tendo que viajar doze quilômetros diariamente para chegar à escola, Jamil fez questão de orientar o filho para que fizesse e cultivasse bastante amizade, tratasse os outros com respeito, simpatia e bondade. Michel, com seu comportamento simples, humilde, alegre foi de fato conquistando simpatia e muitas amizades. “Ele só queria o bem, nunca o mal”, recorda Jamil.

Por mais de dez anos ele se consagrou em organizar casamentos, formaturas, desfiles de moda e dando “oportunidade de subir no palco” para muitos jovens que queriam seguir a carreira das passarelas. Depois das festas, era comum que levasse as pessoas para casa e, quando alguém queria uma festa, mas não dispunha de recursos era capaz de realizar sonhos sem nada cobrar, fazendo a alegria de muitos – e conquistando mais amizade e respeito.

ATIVIDADES PROFISSIONAIS

Depois da roça e da loja de roupas em Itapetininga, Michel trabalhou por três vezes na prefeitura de Ibiúna [como chefe do Departamento de Eventos (2005-2007), chefe do Departamento de Controle (2013) e 2014 diretor da Divisão de Turismo (2014-2015)]; na Câmara Municipal, como assessor parlamentar, de (2007 a 2008]) do presidente da Câmara de então, vereador Valdecir Frioli. Em 2010, atuou em teleatendimento na Exata. Há um ano e meio, vinha trabalhando como assessor do deputado estadual Gil Lancaster (DEM).

MODO DE VIDA

Michel – menciona Jamil – não falava da vida dele para ninguém. Era muito reservado, embora tivesse muitos amigos. “Ultimamente vinha recebendo ameaças por telefone”, até que seu carro foi encontrado incendiado no bairro do Recreio com um corpo carbonizado no banco traseiro. A partir daí Michel não mais seria visto. Era religioso e estava na Igreja Novena de São Sebastião na noite anterior, foi visto em um posto de combustível na cidade, onde comprou duas latas de cerveja, e entrou em seu carro onde havia outra pessoa não identificada até o momento e essa terá sido sua última aparição com vida.

“Sinto falta do sorriso dele, da alegria, de suas piadas e brincadeiras que compartilhava também com os amigos”, se emociona Jamil, que “perdeu o chão” [assim como os demais familiares de Michel], desde o dia em que foi informado do fato.

 

 

 

 

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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