ENSAIO – SABE A DIFERENÇA ENTRE OS ASSALTANTES DE BANCOS E OS PROTAGONISTAS DA LAVA-JATO?
SINCERAMENTE não saberia discriminar com exatidão a diferença moral entre os violentos assaltantes que levaram sessenta milhões de dólares de uma empresa de segurança no Paraguai e as lesões perpetrada contra a nação brasileira pelos diversos personagens inclusos na Operação Lava-Jato. Claro, no primeiro caso, é fácil diagnosticar um notório crime praticado pela definição clássica de ação praticada por bandidos. E, no segundo, como qualificar o tipo de bandidagem realizada?
A desastrosa onda de assaltos a bancos com uso de dinamite grassa pelo país afora e está rendendo muitos milhões a esse tipo de criminosos, mas não são páreo para seus concorrentes elegantes em seus ternos e gravatas de grife, diante dos bilhões embolsados por estelionatários travestidos de autoridades dos poderes Executivo e Legislativo e empresários que transformaram o Brasil num imenso absurdo moral. Perderam, pela ganância voraz, as referências de conduta!
Os fatos ainda estão quentes como magma escorrido montanha abaixo para que esse período do país seja claramente demarcado pela História como talvez o mais sombrio desde Cabral. A palavra vergonha, por si só, não consegue dar conta da crua realidade.
Para os canalhas que têm o DNA da propinagem no sangue, ela não tem significado algum desde que o deus que veneram – o dinheiro, muito dinheiro – permaneça sob seus domínios e bem escondido. Animais dessa espécie querem garantir para si uma aposentadoria de príncipes. O povo, ora o povo! Que se lasque!
Literalmente é isso que significa se lascar: bilhões de reais que poderiam ajustar a economia do país, que serviriam para construir hospitais e melhorar a saúde do brasileiros, melhorar a educação, reduzir a miséria, as doenças geradas por falta de infraestrutura de saneamento básico, pagar aposentadoria digna àqueles passaram a vida trabalhando e que merecem uma existência digna, etc.
E como se não bastasse ainda querem explorar por mais tempo aqueles que sonhavam um dia poder se aposentar. Traduzimos: nós roubamos vocês pra caramba, até mesmo o que não tinham, e agora vamos lhes fazer sofrer ainda mais, porque, como disse certo autor “a autoridade só existe se faz sofrer”. O sofrimento crônico é uma das armas utilizadas pelos poderosos para subjugar o povo!
É preciso lembrar, no entanto, que nada é para sempre. Essa geração de corruptos está com os dias contados, vão envelhecer imersos no mar da vergonha que não sentiram, dos crimes que cometeram e deverão prestar contas à própria consciência.
Há, no pano de fundo, um cenário escandaloso. Se ainda resta um fiapo de esperança na Justiça, que mantém uma fé nos julgamentos que nação brasileira espera, há, ao mesmo tempo, o escombro das instituições brasileiras falidas. A imagem pública do presidente e as manobras que faz para garantir a aprovação de suas reformas são um exemplo palmar inserido nessa clima de desconfiança avassaladora nas autoridades.
Um homem servidor da Justiça – Sérgio Moro – representa a síntese das expectativas da população brasileira. É uma espécie de Quixote combatendo não moinhos de ventos criados pela imortal obra de Cervantes, mas a dura realidade que constitui a dialética do bem contra o mal. Precisa de apoio explícito!
Jamais devemos deixar de sentir orgulho pela nossa Pátria, mas, igualmente, jamais podemos deixar de sentir vergonha e desprezo por todos aqueles que, personalidades sociopatas, fazem e praticam o mal contra o povo. (Carlos Rossini)