DESAFIO – NADA ACONTECE POR ACASO OU TUDO ACONTECE POR ACASO?

ondas

A um bilhão de anos-luz da Terra dois buracos negros “brigam” entre si para engolir uma estrela. O resultado é uma explosão que cria ondas de choque gigantescas que se espalham pelo Universo, atingem e passam pela Terra. Igualmente, os fragmentos [até mesmo um grão de areia que se vê na praia] se espalham pelos Cosmos e…se transformam em vida. Isso terá acontecido conosco há bilhões de anos e essa é a razão por que se diz que nós somos filhos das estrelas ou da luz.

É oportuno lembrar que a frase acima se refira apenas a distância, mas não ao espaço e ao tempo. Bem, mas deixemos isso para os físicos e astrônomos, especialmente aqueles que conhecem com maior intimidade a teoria da relatividade de Albert Einstein.

Fenômenos dessa grandeza ou de menor proporção acontecem por todo o Universo o tempo todo, significando que tudo está em permanente transformação e, nesse ponto, é preciso evocar duas formas de pensar os acontecimentos que envolvem a Natureza: nada acontece por acaso ou tudo acontece por acaso.

Na primeira alternativa se incluem aqueles que consideram existir uma ordem superior que comanda todos os acontecimentos e que tem uma finalidade. Nenhuma religião talvez existisse sem contar com essa possibilidade, caso contrário não teriam razão de ser, porque, de alguma forma, estão voltadas para uma vida futura, talvez no Céu ou em outro lugar em “formato” imaterial.

Na segunda versão, tudo ocorre por acaso, isto é, sem uma causa e uma finalidade. As coisas acontecem simplesmente, tanto no ambiente cósmico quanto no microcosmo, a partir de uma bactéria ou vírus. Aí também nós estamos incluídos, chova ou faça sol. Essa perspectiva está mais vinculada ao mundo da ciência e da filosofia humanista.

O fato é que conheçamos ou não essas possibilidades estamos sujeitos a elas no dia a dia, em todos os lugares onde estamos e podemos perceber sua presença em toda a Natureza. Há um ciclo universal de nascimento, crescimento e morte inexorável! Há limites no conhecimento humano [que vão sendo superados lentamente, pois há mais mistérios e segredos a serem desvendados do que certezas tanto no Universo quanto em nossas mentes] que jamais deixarão de existir.

O homem comum, a maioria de nós, não consegue perceber que sua vida é dirigida pelo acaso, ainda que tropecem numa calçada, esqueçam o que pretendiam fazer há poucos minutos, que não são livres para pensar o que desejam, que dependem dos outros para viver, que “há perigo na esquina”, que ingerir comprimidos para dormir ou bloquear sensações causadas por alterações químicas em seu cérebro, que, aparentemente, também acontecem por acaso.

Está bem!, o leitor ou a leitura poderá perguntar: “Aonde você pretende chegar com esse blábláblá? Simples. Se acreditamos que nada acontece por acaso, então podemos nos conformar com tudo o que acontece na esperança de um futuro certo…no Céu. Mas, ao contrário, se consideramos que tudo acontece por acaso, a consciência desse fato nos permite assumir o comando de nossa vontade, ainda que essa atitude exija muita disciplina.

Se tudo acontece por acaso, podemos querer melhorar nossa única vida indo em busca da luz da qual seríamos originários. Luz no sentido de adquirir  sabedoria no viver, procurando ser melhores a cada instante e tendo relacionamentos positivos com os nossos conviventes. O caminho assim pode ser resumido como degraus que o levam a condições superiores a cada passo: bom, melhor, ótimo, excelente.

Esse procedimento, guardadas as proporções, é similar ao fenômeno estelar: mudar é preciso, mesmo que tudo aconteça por acaso. (Carlos Rossini)

 

 

 

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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