SALVAR A REPRESA ITUPARANGA É CUMPRIR UMA MISSÃO SAGRADA

Os dados científicos da Cetesb – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental são críticos: nos últimos dez anos a qualidade das águas da represa Itupararanga [quase a totalidade de sua extensão se encontra dentro do município de Ibiúna], que abastece mais de um milhão de pessoas, caiu da posição entre boa e ótima em 2005, para entre ruim e regular, em 2011, o “pior nível da década”.

Reverter essa situação requer tanto visão quanto ação holística [ver o todo implicado] de força concentrada, porque a represa é alimentada por córregos, rios, riachos de uma vasta bacia hidrográfica que ultrapassa os limites de Ibiúna. Córregos, riachos e rios de Cotia e Vargem Grande Paulista, e também os bairros de Ibiúna, levam para a represa o esgoto lançado in natura na rede pluvial.

Vargem Grande Paulista, Caucaia do Alto , Mairinque, São Roque, Alumínio são municípios que não fazem tratamento de cem por centro do esgoto coletado.

Itupararanga é considerada como uma das prioridades da Sabesp, de acordo com as palavras da presidente da empresa, Dilma Pena [entrevista publicada na edição de outubro de 2012, no “Jornal SOS Itupararanga”], ONG que tem se mobilizado intensamente para salvar a represa. Mas no tempo da vida real haverá muito chão a percorrer para que ocorram os primeiros efeitos substanciais dessas medidas.

Pena disse que em 2014 os esgotos de pequenas cidades da área já deverão estar sendo tratados “diminuindo a carga poluidora” em direção à bacia da Itupararanga. No caso de Cotia, Vargem Grande Paulista e Caucaia do Alto o prazo é 2018.

Uma grande preocupação também foi apontada: a poluição decorrente das atividades agrícolas, cuja quantidade de fertilizantes foi diagnosticada como “muito alta” e acaba escorrendo para as águas da represa.

A Cetesb também detectou duas fontes de esgotos clandestinos: as indústrias e pequenos serviços de lavanderias, tinturarias, pequenas industrias de malhas que usam tinta que vai direto para a rede pluvial, para os córregos, para as bacias…para a represa. A outra é representada pelas residências que “lançam direto na rede fluvial ou então têm fossa clandestina” que, malcuidada, polui o lençol freático “que acaba poluindo os cursos de águas maiores”

O assunto como se vê é complexo, exige grandes investimentos e sobretudo uma tomada de consciência de toda a sociedade, para que não se repita o que aconteceu com dois rios maravilhosos originalmente e que se transformaram em esgotos a céu aberto: Tietê e Pinheiros.

Na medida de sua força e vontade, a revista vitrine online incorpora-se em caráter permanente na defesa da represa Itupararanga e seus contribuintes, incluindo os pequenos e simples olhos d’água escondidos na mata, que, somados, nos fornecem a água pura e cristalina. (C.R.)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.