BREVE ENSAIO SOBRE CENAS DESUMANAS QUE OCORREM NO DIA A DIA

Foram os gregos que “inventaram” o humanismo e para entender o que isso significa é preciso levar em conta as necessidades vitais dos indivíduos. Mais do que valorizar um maior conhecimento do homem, se tornou uma condição cultura capaz de desenvolver as potencialidades das condições humanas. Em suma, educar os seres humanos a se comportarem melhor tanto no plano individual quanto coletivo.

O humanismo é um produto da cultura humana e, nesse sentido, requer uma inspiração orgânica, isto é, a inter-relação entre os indivíduos considerados como integrantes de um todo. Isso se reflete claramente, por exemplo, em uma crença comum que é compartilhada e define e torna previsíveis os comportamentos.

Há leis que governam o sentimento, o pensamento, a linguagem que utilizamos e os nossos atos e que são orientados por normas que regem a vida individual e a estrutura da sociedade. Por isso, tem de ser um “processo de construção consciente”, ou seja: tomada de consciência da natureza das relações humanas dentro da sociedade em que vivemos.

Definir o que é consciência de algo nem sempre é fácil, mas digamos que se trata do conhecimento que “permite ao ser humano experimentar ou compreender aspectos ou a totalidade do seu mundo interior [e do exterior em que está inserido, grifo nosso]”.

Esse conceito abrange também o que parece mais relevante considerar: consciência diz respeito também ao “sentimento ou conhecimento que permite ao ser humano perceber o que é moralmente certo ou errado em atos e motivos individuais”.

Pronto, se você heroicamente chegou até aqui, já pode perceber com mais propriedade o que vem a ser humanismo, um termo cujo significado foi perdendo sentido e importância na sociedade em que vivemos atualmente.

Observe! A falta de humanismo está presente na política, na administração pública, na saúde, na segurança social, no trabalho, na escola, nas instituições de modo geral, nas ruas, nos supermercados, nas famílias, de dia e de noite, em qualquer lugar.

Ou seja: fazemos parte de uma sociedade que perdeu o sentido do que é ser humano e, por isso mesmo, estamos pagando um preço alto, sobretudo na forma de sofrimentos mentais jamais vistos antes em escala universal. Em síntese: estamos nos matando uns aos outros com nossas falas e nossas ações, embora quase nem percebamos isso.

A corrupção [o Brasil vive respirando essa palavra todos os dias] funciona como uma força devastadora nas relações sociais, fazendo com que as mínimas referências éticas e morais sejam jogadas nas ruas e nas descargas como “objetos” inúteis, quando poderiam nos salvar e nos retirar da rota que estamos seguindo em direção a algo que desconhecemos.

Bem, esperamos que agora você esteja mais preparado para lidar com o outros, pois sabendo que o mundo é tendencialmente desumano, você pode agir como ser humano livre, autêntico e verdadeiro. Esse modo de ser é ao mesmo tempo belo e virtuoso, como diriam os gregos. (Carlos Rossini)

 

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *