O MELHOR PRESENTE DE NATAL E DE ANO-NOVO ESTÁ EMBALADO DENTRO DE VOCÊ

Cada vez mais vejo a vida como um variado e dinâmico espetáculo em que se incluem dramas, comédias e tragédias. Sinto imensa compaixão pelos seres humanos [sou um desses exemplares], quanto mais percebo como estão sujeitos às mutantes circunstâncias que nos envolvem a cada instante.

Já não me preocupam – se é que algum dia me ocuparam a mente – os sete pecados capitais estabelecido pela universalidade bíblica. Nenhum deles abala mais quem quer que seja porque as próprias religiões parecem estar ocupadas com outros assuntos mais seculares.

Mesmo que não fosse isso, a igreja católica carrega nas costas os maiores pecados já cometidos contra os seres humanos, praticado torturas bárbaras e matando impiedosamente, quando fez valer seus poderes cruéis sobre pessoas que se desviavam de seus dogmas em geral injustos.

Mas, se tivesse que eleger o maior de todos os pecados que se comentem contra pessoas apontaria sem hesitar a ignorância. Nada há que mereça mais desprezo do que incutir nas mentes humanas preconceitos, mentiras e especialmente impedi-las deliberadamente de que consigam um dia despertar do sono de que são reféns.

As pessoas, ideologicamente mantidas na ignorância, são mais facilmente manipuláveis, controláveis e, sobretudo, enganáveis. O dano excedente é que, por força de um estado perverso, os indivíduos desenvolvem autoenganos, ao não escaparem do cipoal que as impedem de ver a realidade tal como ela é e saber interpretá-la com liberdade.

Sei que pouquíssima pessoas lerão este texto até aqui, mas isso não me magoa porque simplesmente estou me expressando como se estivesse flanando, me divertindo com essa vida louca que observo em todos os cantos. A maioria ainda nem sequer aprendeu a alimentar-se corretamente e se envenena todos os dias com tudo aquilo que lhes empurram desde a Revolução Industrial goela abaixo. A maioria não sabe refletir politicamente e muito menos discernir quem são os candidatos melhor qualificados [atualmente seria como procurar agulha no palheiro, como diz o povo] e, por isso mesmo, se deixa levar por influências em relação às quais não sabem como se posicionar criticamente. A opinião pública se tornou, entre nós, uma pasta viscosa e informe!

Em termos simples, ignorância é não saber as coisas. Portanto, quanto mais ignorantes menos sabemos e é isso que pega e rebaixa a dignidade humana. Há duas vertentes, ou não se sabe por conta própria [fazer o quê?] ou se é impelido à ignorância pela estrutura que controla a sociedade humana – econômica, política e ideológicamente.

O melhor presente de Natal que uma pessoa pode dar a si mesma ou a melhor promessa nas alvíssaras do Ano-Novo não pode se encontrar em nenhum objeto material. Ser livre para escolher pensamentos, sentimentos e agir, eis o que há de mais necessário para haver uma existência merecedora desse nome. Ser livre para saber e, ao saber, afastar a ignorância como o Sol dissolve a escuridão da noite com sua luz redentora. (Carlos Rossini)

 

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *