UM NATAL E VIRADA DO ANO PARA O QUE DER E VIER PODE SER A MELHOR PARTE DA HISTÓRIA

O Natal e a passagem ou virada para o Ano-Novo integram um ciclo relacionado diretamente com todos os fenômenos da Natureza imediata, próxima ou infinitamente em distâncias cósmicas. Em suma, há uma lei universal que pode ser traduzida numa tríade irrefreável: começo-meio-fim…começo-meio-fim…começo…

Seja o que for, tem um início, um fase intermediária e uma dissolução, na verdade transformação, ou obtenção de outra forma que significa mais um começo. É assim que funciona quer queiramos ou não. Fazemos parte desse ciclo universal.

O Natal, para o mundo da cristandade, é símbolo do começo, o nascimento. Como já houve e cumpriu seu ciclo, cabe a todos nós celebrarmos essa memória mas como a função de renascimento. Sim! A celebração do Natal é a lembrança que precisamos “nos iniciar de novo”. Esse processo inclui a aquisição de uma força afetiva, intensa para alguns, e a busca de vivências emocionais profundas, não é à-toa que se ingerem bebidas como chaves para abrir as portas de novas percepções e facilitar atitudes espontâneas fraternas.

Desde a Antiguidade, essa época está vinculada a um ritual alimentar, como se necessitássemos ingerir a santidade purificadora de Cristo, como ocorre quando se ingere uma hóstia, durante a missa. Em síntese, beber, comer, sorrir, abraçar, cantar, demonstrar amor integram a necessidade humana de deixar para trás os “pecados”, traduzidos pelas insatisfações gerais com a vida, erguer a cabeça e seguir adiante.

Presentear rememora os mimos que foram oferecidos pelo menino recém-nascido na manjedoura, como reconhecimento de que a vida é uma preciosidade, ainda que sofrida e, não raro, palco de tristezas e dores de ausências [avós, pais, filhos, tios, irmãos que desapareceram] que estremecem nossos corações.

No entanto, a vida segue e a celebração natalina, como tudo, terá um começo, um meio e um fim, como um baile, um casamento, uma novela, um filme, um amor. Somos testados continuamente a continuarmos sendo gente e talvez seja um ato de fé essa força que devemos encontrar em nós mesmos para enfrentar a loucura que é a vida e o viver, quando não absurda, para os mais avançados e sensíveis.

A virada do ano, que vem logo em seguida à celebração do Natal, é o empurrão indispensável para seguir adiante, como a expulsão do ventre que renova o milagre da vida. É a Natureza mais uma vez nos ensinando que precisamos nascer ou renascer como seres humanos que habitam uma pequena esfera azulada que circula no espaço. E como somos pequeninos, invisíveis mesmo nessa proporção cósmica, ainda assim, somos parte integrantes desse todo fabuloso cujos mistérios talvez jamais nos serão revelados.

Feliz Natal, com amor, paz e saúde! Feliz Ano-Novo! Vai ser melhor sim, desde que entendamos que fazemos parte de um espetáculo cujo comando está fora de nossas mãos e cuja realidade precisamos aceitar. E será melhor se conseguirmos nos libertar da ignorância e aprendermos a viver com os nossos sentidos bem abertos, sem medo do que der e vier. E isso, acredite, pode ser a melhor parte da história.

[Da equipe da revista vitrine online]

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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