ALÉM DOS TIROS QUE A MATARAM, MARIELLE FOI ALVO DA MALDADE QUE ASSOLA O BRASIL

Logo após sua morte na última quarta-feira (14), as redes sociais foram movimentadas por mais de meio milhão de mensagens postadas, a maioria absoluta manifestando incredulidade, perplexidade, tristeza.

Houve, no entanto, um grupo minoritário que procurou macular sua memória com um sórdido bloco de notícias maldosas, mentiras, injúrias, calúnias, como se ela, a quinta vereadora mais votada do Rio de Janeiro, negra, nascida na favela, mulher envolvida com causas sociais, merecesse crucificação.

Entre essas figuras mordazes figuram uma desembargadora do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, Marília Castro Neves; o deputado federal pelo DEM, Roberto Fraga [ex-oficial da Polícia Militar e da bancada da bala]; o delegado de polícia em Pernambuco, Jorge Ferreira [já afastado do cargo pelas difamações contra a vereadora], que dava plantão na Delegacia da Mulher.

O PSOL, partido de Marielle, está processando a desembargadora e irá pedir à Comissão de Ética da Câmara Federal para que investigue e puna o deputado [que já se desculpou, alegando que apenas tinha repassado a informação].

Em princípio, todas as pessoas que postaram mentiras com o claro propósito de depreciar a vereadora assassinada estão sujeitas a ser processadas e responder por crimes informáticos.

Felizmente, a maioria da população e também a mídia corporificaram magnífica reação condenando as maldades e rebatendo as mentiras divulgadas, muitas extremamente chulas. O PSOL tomou a iniciativa de abrir uma página no Facebook exatamente com a mesma finalidade.

Hoje o Jornal Nacional veiculou entrevista com a filha e o pai de Marielle. Além da dor da perda e tristeza, disseram como era a mãe e a filha que tinha um futuro político promissor.

Marielle, moradora na favela da Maré, aprendeu ali, desde menina, a enxergar as injustiças e decidiu se dedicar às causas sociais, sobretudo envolvendo as mulheres. Aprendeu a olhar o mundo e decidiu agir para transformá-lo, o que provocou a ira de mandantes e dos seus assassinos.

Continuam em aberto as perguntas: quem matou Marielle? Quem ou quais foram os mandantes? Por que o crime foi cometido? A sociedade espera pelas respostas verdadeiras o quanto antes. (Carlos Rossini)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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