MONUMENTO AO LAVRADOR – “ESTÁ DE VOLTA AO LUGAR DE ONDE NUNCA DEVIA SER TIRADO”

Depois de permanecer durante dezessete anos abandonado à beira da Rodovia Bunjiro Nakao, quase despercebido no mato, o Monumento ao Lavrador, símbolo do trabalhador na roça ibiunense, voltou hoje (23), véspera da comemoração do 161º aniversário do município de Ibiúna, ao centro do jardim restaurado na praça da rotatória na entrada da cidade.

“Está de volta ao lugar de onde nunca devia ser tirado”, afirmou a vitrine online o prefeito João Mello, logo após acompanhar o serviço de reinstalação da obra em seu local original. Ali permanecia desde de 1985 quando foi inaugurada pelo então prefeito Zezito Falci, numa festa bonita e memorável, recorda Yóle Mello, irmã de Zezito.

O Monumento ao Lavrador foi criado pelo escultor Paulo Tibiriçá de Andrade, que na época residia em Piedade. Ele era natural de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, e ganhou fama pelos seus trabalhos artísticos. Como reconhecimento e gratidão, a Casa da Cultura de Piedade leva o seu nome. Andrade morreu há cerca de dez anos.

A escultura se tornou emblema também para todos aqueles que vindos de São Paulo e de outras regiões, pela rodovia Bunjiro Nakao, chegavam à cidade. Identificava o personagem central da economia ibiunense baseada na agricultura, aliás até os dias de hoje, ocupando posição de grande destaque no fornecimento de verduras e legumes, sobretudo para milhões de consumidores paulistanos.

Andrade concebeu um homem forte segurando nas mãos uma cesta de mudas apontadas para o céu, das quais se destaca uma folha. Uma enxada também compõe a escultura. O agricultor está com o joelho esquerdo apoiado no solo. Essa forma sensível e poética de expressão artística, no entanto, parece ter incomodado o prefeito Fábio Bello, talvez porque estivesse associada à figura de Zezito Falci, segundo vitrine online apurou com antigos moradores.

Exatamente em 2001, Bello removeu o monumento da praça da rotatória para um canto à beira da rodovia. Ficou ali, portanto, por dezessete anos.

Especialista em imagens desde os dezessete anos [ele pintou figuras santas nas laterais da Igreja de Nossa Senhora das Dores, padroeira de Ibiúna], Fábio Caccace, restaurou a obra.

“O monumento ficou abandonado por muito tempo e, por isso, sofreu vários danos. Perdeu a folha que se encontrava na cesta de mudas, o cabo da enxada se quebrou, e seu estado geral precisou de um paciente trabalho para ser restaurado”, afirmou Caccace à vitrine online.

Muitos munícipes que igualmente se habituaram com o monumento, imagem de identificação imediata de Ibiúna, pediram à prefeitura que o levasse de volta ao seu local original, no que foram atendidos, na singela homenagem ao trabalhador rural ibiunense que, com seu trabalho e suor diário, leva comida para a mesa de uma infinidade de pessoas.

Vale ressaltar ainda que o jardim da praça rotatória, pelos serviços ali executados, deu um toque de leveza e simplicidade ao local, talvez elevando ainda mais a grandiosidade do trabalhador. (Carlos Rossini)

 

 

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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