A MEDITAÇÃO PODE AJUDAR VOCÊ SE DESCOBRIR QUEM É DE VERDADE

Desde que nascem, os indivíduos humanos começam a ter sua atenção atraída para fora de si. Imagens em grandes quantidades, constituídas por pessoas, objetos e o que ouvem povoam sua mente de modo contínuo. Imagine que você nasceu com uma situação mental em estado de pureza, como ser novo e original.

Com o passar do tempo, o volume de informação internalizada cresce sem parar e como a capacidade do cérebro de retenção em memória é imensa, o indivíduo acaba se afastando e se esquecendo do seu próprio “eu”.

Suponha que sua mente é formada por camadas como de uma cebola. Ela tem um centro, mas sua percepção se dá nas camadas mais superficiais e que estão em contato com a realidade exterior onde ocorrem as relações com os outros, todos os outros, incluindo as condições atmosféricas.

Absorvidos pelos fenômenos externos dos quais se torna dependente – dos pais, dos professores, dos amigos, dos chefes, do trabalho, do dinheiro, dos relacionamentos, dos alimentos, do ônibus, do metrô, etc. – nos afastamos cada vez mais de nossa “identidade” original. Ou seja: nossos pensamentos, imagens e sensações deixam de ser resultados de nossa vontade consciente e passam simplesmente a ocorrer.

Por outras palavras, em vez de pensarmos conscientemente, somos pensados pelos nossos pensamentos, vivemos estranhas sensações e imagens, tanto acordados quanto durante o sono ocorrem de forma automática. Uma das mais relevantes formas do sofrimento humano se dá exatamente porque acabamos nos sentindo estranhos para nós mesmos.

Na maior parte das vezes, pensamos e agimos sem termos consciência até mesmo de nossos gestos, falas e ações, como se fôssemos teleguiados por forças que desconhecemos.

Sem auto-referência, ou seja, sem ter si mesmo como fundamento para decidir e fazer escolhas deliberativas, tendemos a buscar fora de nós a solução para esse grande paradoxo ser e não ser ao mesmo tempo, como se estivéssemos psicologicamente divididos. Alguns tipos dessas divisões podem ser sérios problemas mentais.

Em suma, descobrir quem somos é um dos mais comuns desafios dos seres humanos. É como se tivéssemos deixar cair um vaso, este se estilhaçasse e devêssemos reconstituí-lo novamente.

Um das alternativas saudáveis para encontrar o caminho de volta para nossa essência foi percebida há milhares de anos, não sem muito esforço, por homens que enxergaram com clareza o estado de sofrimento dos seres humanos e buscaram uma luz para livrá-lo dessa condição.

Assim, nasceu a meditação para nos libertar do sofrimento mental. Na verdade, todo sofrimento é mental que muitos não suportam e precisam de ajuda. A meditação, que se traduz em diversas técnicas para auto-regulação da percepção dos estados mentais no momento em que estão ocorrendo em nossa mente.

Simplificando, a meditação – tendo como referência nossa respiração ou algum objeto – nos permite perceber os fenômenos metais que estão em fluxo no exato momento em que estão acontecendo, sejam pensamentos, imagens ou sensações. Aí se incluem fantasias, recordações, emoções, antecipações do futuro.

Essa experiência pode ser assustadora no início por uma razão óbvia: você, ao olhar para sua tela mental, está se pondo em contato com coisas desconhecidas, que você não percebia de modo claro, mas que exerciam enorme influência em seu estado de ser. Está se dirigindo para seu verdadeiro ser que está encoberto por muitas camadas de imagens que se instalaram em sua mente inadvertidamente.

Mas, com o tempo, e com boa orientação, você vai percebendo um novo ser, o seu verdadeiro ser, e, gradativamente, passa a enxergar tudo diferente de quando estava cego para si mesmo. Isso equivale a um renascimento e são afortunados aqueles que conseguem renascer das próprias cinzas.

Uma forma de meditação que experimentou um boom nos Estados Unidos e Europa, inspirada no budismo, conhecida como Mindfulness (atenção plena ou consciência plena) tem atraído muitos seguidores no Brasil. Outra, é a meditação Raja Yoga (ioga mental) da qual fomos alunos por dez anos. A meditação, já utilizada em hospitais, é indicada como positiva em diversas linhas de psicoterapias.

Uma última, mas oportuna advertência: como cada pessoa é única, talvez tenha que adaptar os conhecimentos que vier a adquirir com uma ou outra técnica para o seu modo próprio de ser. Ao estar aberto aos novos conhecimentos meditativos você acaba encontrando seu lugar no mundo. (Carlos Rossini)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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