XÔ, BULLYING! – CARTA AOS JOVENS DE TODAS AS IDADES

Se eu fosse você, jovem de qualquer idade, em primeiro lugar seria meu melhor amigo e gostaria muito de aprender tudo sobre mim mesmo, com coragem, calma e autoconfiança.

Saberia reconhecer com clareza que sou único, singular, e diferentes de todos os outros. Procuraria viver bem comigo e com os outros, sem julgá-los, mas também sem temê-los ou vê-los como uma ameaça ou deixar que me tirassem a liberdade de ser eu mesmo.

Jamais deixaria que qualquer forma de bullying  ou cyberbullying me atingisse, se me chamassem de feio, chato, gordo, magro, alto, baixo, negro, amarelo, branco ou me xingassem ou quisessem me tornar diferente do que sou.

Saberia viver meus momentos de solidão como solitude, com alegria, calma, paz. Sentiria o grande prazer de ser eu mesmo e de velejar dentro de mim, sentindo o perfume da vida, a suavidade da brisa, as cores dos amanhecer, como instantes únicos e surpreendentes a cada vez.

Aprenderia proteger minha mente, como único tesouro do qual não se pode abrir mão, porque é por meio do intelecto que existo e sinto minha existência durante toda a vida.

Aprenderia a lidar com minhas emoções com serenidade, equilíbrio e alegria e não de modo infantilizado de quem não sabe lidar com frustrações, que são parte da vida e grandes mestres para nos despertar.

Além de ser meu melhor amigo, o que me permitiria ser um bom amigo dos outros naturalmente, manteria meu senso de liberdade e autonomia imperturbáveis em relação ao que os outros pensam e julgam a meu respeito.

Deixaria que a paz e a equanimidade me envolvessem como os delicados fios com que os pássaros constroem ninhos para abrigar seus filhotes.

Faria da alegria meu modo de vida e deixaria que meu sorriso transparecesse onde quer que estivesse, projetando meu estado de espírito para o mundo.

Estaria aberto a novos conhecimentos e aprendizados e respeitaria tudo e todos como expressão do meu auto-respeito.

E brincaria o tempo todo sem me levar exageradamente a sério, porque isso é uma forma de apego muitas vezes inútil e prejudicial e também porque a vida é um breve intervalo entre o nascimento e a morte que deve ser experimentada como gotas de néctar que nos tornam seres sublimes como fruto do milagre da vida.

Observaria e viveria mais perto da natureza, aprendendo com ela a viver em silêncio interior.

Saberia que o vazio e o silêncio interiores são os melhores e mais preciosos caminhos para encontrar a sabedoria que existe em meu interior, que me foi concedida pelo Criador.

Aprenderia a me amar como aos outros com os quais manteria sempre um relacionamento voltado para a conciliação, a paz e a serenidade.

Ouviria mais músicas relaxantes e refrescantes, leria bons livros, caminharia e faria mais exercícios, comeria bons alimentos, inventaria truques para dormir e repousar de modo revigorante, diria mais bons dias, mais abraços fraternos, diria palavras bonitas e saudáveis e abriria caminho para viver um grande amor, sem pressa ou ansiedade.

Manteria curiosidade em relação ao mistério que me fez existir, assim como as demais criaturas e objetos, ainda que jamais pudesse ter a resposta definitiva, porque nada é para sempre e o verdadeiro viver acontece aqui e agora.

Todos os dias, após despertar, me lembraria de todos esses ensinamentos e escolheria ser feliz, simplesmente, pois isso é o que é mais importante e é, afinal, o que todos mais desejam na vida. (Carlos Rossini é editor de vitrine online)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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