FELIZ NATAL – VITRINE ONLINE OFERECE PRESENTES PARA SEREM GUARDADOS NO CORAÇÃO

Saí de casa, em meio das árvores, e peguei a estrada para o centro da cidade de Ibiúna cuja população está inflada por mais de vinte mil de bem-vindos visitantes natalinos.

Ingressei na estrada com antigos e novos buracos provocados pelas chuvas.

Sentia-me leve, em paz, tranquilo. Ouvia o canto do Roupa Nova que tem o estribilho “Me sinto só/Me sinto sem ninguém…”

Vendo passar os variados tons de verdes das duas margens da estrada, de repente me senti pleno, íntegro, único como se acabasse de ser purificado pelo Espírito Santo.

Só o tempo presente, no corpo, na mente, na alma. Tudo que percebi foi minha unidade despojada de pensamentos, imagens e sensações e do resto de todo o mundo. Sentir-me só em liberdade, sem expectativa alguma, sem precisar de nada além de mim mesmo.

Foi assim que, pela primeira vez, vi que o Natal é um momento para viver a simplicidade, respirar ar puro, sentir um friozinho agradável tocando a pele.

Tudo que existia era um carro em movimento, a música se apresentando e eu e nada mais como realidade presente. Sabia das outras existências, as pessoas agitadas nos supermercados para as últimas compras para a ceia e o almoço de amanhã, as ruas lentas de trânsito demasiado, os preparativos para a grande festa.

Lembrei, ao deixar o quintal de casa, que ali era o lugar universal de uma gentil celebração natalina.

Meus pés, enfim, haviam encontrado as raízes que me sustentam, o chão que piso e me abriga silencioso e amorosamente. Este é meu lugar e não preciso de nada além disso para existir com a mente suave, sem nenhum tipo de desejo, transtorno, recordação ou ansiedade.

Uma energia inominável que se esconde por trás da natureza visível. Enfim, me reconheço exatamente como sou na humilde verdade que me toca profundamente.

Sim, estou liberto da loucura patológica e agora só me permito ser portador da loucura normal e indispensável para coexistir com um mundo tão absurdo quanto estranho.

Respeito todos aqueles que creem e se sentem bem com suas crenças.

Mas aqui faço uma confidência pública em venerável homenagem a alguém que morreu inundado pelo amor ao próximo e o fez para nos ensinar como é preciso acordar e se desapegar das ilusões que nos impedem de sermos livres e nos realizarmos como seres humanos capazes de superar os obstáculos que travam nosso amadurecimento.

Assim, o presente de Natal que ofereço para todos não cabe em pacotes, pois são sentimentos, de paz, amor e alegria. Eles devem ser guardados no fundo do coração no Ano-Novo inteiro. (C.R.)

 

 

 

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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