DURANTE QUATRO HORAS – SEQUESTRO PARA CENTRO DE IBIÚNA NA VÉSPERA DO NATAL

Diogo, 18, e Stéfani, 23, começaram a namorar há dois anos e passaram a morar juntos na casa do pai de Diogo no bairro do Curral. Segundo familiares ouvidos por vitrine online, o casal discutia e se separava e se juntava de novo. Isso aconteceu algumas vezes.

Mas, recentemente, o namoro foi rompido e Stéfani arranjou outro namorado. Na madrugada desta segunda-feira (24), ainda segundo familiares dele, ela teria postado uma foto em que estaria sentada no colo do novo namorado.

Diogo ficou transtornado, pediu o celular da irmã emprestado pelo qual teria se comunicado com Stéfani e teriam marcado um encontro na porta de uma sorveteria localizada na esquina da rua XV de Novembro com Travessa Siqueira Campos, na região central da cidade de Ibiúna. A mulher, segundo a proprietária do estabelecimento, teria começado a trabalhar como faxineira da loja havia três dias.

Entre 7h20 e 7h30, Diogo já estava na sorveteria e já mantinha a ex-namorada refém, tendo feito uso de duas facas  provavelmente encontradas no próprio comércio para dominá-la e teria provocado ferimentos leves na cabeça da jovem. Era o início de longas quatros horas de tormentos que se seguiram, com a loja fechada e rua interditada [o comércio fechou as portas nos quarteirões da rua XV de Novembro mais próximos].

Nessa altura, policiais militares, sob o comando da tenente Marjorie, já haviam cercado toda a região, com apoio da GCM local. Marjorie atuou como negociadora com Diogo e utilizou sua experiência de mantê-lo entretido até o final do sequestro. Uma equipe do Grupo de Ações Táticas – Gate da Polícia Militar se deslocou de São Paulo para integrar as atividades em curso e permaneceu em frente à porta da sorveteria até o desfecho da operação, e em pontos estratégicos.

ALVOROÇO

Uma multidão se postou atrás dos cordões de isolamento em dois pontos da rua XV de Novembro e na confluência da Travessa Siqueira Campos com a rua Pinduca Soares. No início chegou-se a pensar que tiros haviam sido disparados no interior da sorveteria. Mas essa hipótese acabou descartada.

Os estrondos ouvidos acompanhados de gritos de Diogo eram decorrentes dos estragos que ele fez dentro da loja, estourando garrafas com xaropes de sorvete, jogando cadeiras e derrubando e quebrando ventilador, extintor de incêcio e outros objetos que encontrava na frente. Seus gritos eram ouvidos a distância.

Um policial, por tudo isso, chegou a informar à vitrine online que possivelmente o sequestrador demonstrava grande transtorno mental. De fato, quando ele finalmente foi retirado pelos policiais da sorveteria e ouviu a manifestação das pessoas gritou um palavrão, enquanto se aproximava da porta da viatura da PM que o retirou dali. Isso aconteceu por volta das 11 horas da manhã.

Antes, às 10h40, Stéfani era retirada da loja pelos policiais e levada para uma ambulância do Samu posicionada próxima, na rua XV de Novembro, onde permaneceu até ser levada para o Pronto Socorro do Hospital Municipal, onde recebeu atendimento.

EXIGÊNCIAS

De acordo com a tenente Marjorie, Diogo exigiu, para libertar Stefani, a presença do atual namorado dela, um familiar, um colete, uma arma e um carro, mas nada foi disponibilizado para ele que parecia agir de modo desconexo. Durante o sequestro, ele teria feito ameaças com facas apontadas para o pescoço da jovem.

Mais tarde, a família de Diogo, seu pai e irmãos se encontravam na frente da Delegacia. Uma de suas irmãs procurava por seu celular branco [que teria sido usado para que o ex-casal se comunicasse durante a madrugada] que teria emprestado para Diogo e que talvez possa ter caído no chão da loja todo sujo de plásticos e xaropes coloridos.

O advogado contratado pela família para defender o jovem já se encontrava na Delegacia e ouviu narrativas de seus parentes a respeito do comportamento de Stéfani, mas foi categórico em esclarecer que ele estava preso e sua condição era de réu, porque havia cometido um crime. “Mesmo que ele tenha sido provocado pela ex-namorada, nada pode justificar o seu ato.” O autor pode ser indiciado por manter vítima em cárcere privado e tentativa de feminicídio. (C.R.)_

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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