O povo quer falar, mas é pra ser ouvido!

Após o aumento dos 0,20 centavos na tarifa de ônibus, o povo decidiu ir à luta. Hoje, já fica claro que a razão dos manifestos não é apenas por vinte centavos. A razão está em tudo aquilo que o povo guardou por anos. Não é à toa que agora todos gritam com tanta força. O povo brasileiro decidiu gritar, lutar e exigir seus direitos. Os manifestos contagiaram o País. Agora, além de grandes cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, outras decidiram sair às ruas. E nessa quinta-feira (20), foi a vez de Ibiúna.

Sou estudante universitária, tenho dezoito anos e já estudei história por anos, inclusive a história da própria cidade onde vivo. Sou nova, e ainda tenho muito o que viver, mas o que posso dizer é que este dia foi um passo, e dos grandes. Falando com avós e moradores antigos, percebe-se o sentimento de orgulho de cada um deles em notar que após anos e anos a cidade finalmente se mexeu. Sim, foi a maior manifestação política de rua da história de Ibiúna.

Saí de casa e fui às ruas de Ibiúna protestar às 17 horas. Assim que cheguei já havia jovens no palco preparando cartazes com dizeres como “Violência NÃO!” e “Vem pra Rua Ibiúna”, todos eles com muita animação e euforia. Nunca tinha visto as pessoas tão empolgadas por Ibiúna. O interessante é que além de jovens, havia crianças, idosos, pais, enfim, todos estavam ali, sem medo e com muita voz. O protesto em si servia para o Brasil inteiro, e os focos principais foram saúde, cultura, educação e política. Notavam-se cartazes com dizeres como “SUS, cadê o respeito pelos deficientes?”, “Quero um hospital no padrão Fifa”, “Diga não a PEC 37”. E existiam também cartazes referindo-se apenas à cidade, como “Cadê nosso asfalto? O bairro Veravinha pede socorro!” e “Estância Turística?”.

É bonito ver que as pessoas estão finalmente saindo, gritando e lutando. É bonito ver a esperança e a vontade de mudança. É bonito ver vida, onde estava tudo parado. Todavia, é importante focarmos em uma coisa: NÃO PODEMOS PARAR. Isso é só o começo. O começo de uma conquista. A luta só se encerra após conseguirmos o objetivo desejado. O povo só vai se calar, depois de ser ouvido.

>> VEJA FOTOS E ACOMPANHE A COBERTURA DO MANIFESTO FEITO PELA VITRINE ONLINE NO FACEBOOK CLICANDO AQUI! <<

 

Isadora Secol, estudante de Design Gráfico
e web designer da vitrine online.

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.