AINDA NÃO SE ACHOU – GOVERNO BOLSONARO PATINA NUM PROTAGONISMO DESAJEITADO

Tem sido risível, senão patético, o protagonismo político do presidente Jair Bolsonaro e a caterva que vive próximo dele, ministros, assessores e filhos atrevidos, nesse primeiro trimestre do seu governo.

Não menos relevante é desconsiderar os 57.797.847 milhões de votos válidos que recebeu de brasileiros. No entanto, também é fundamental lembrar que 89.507.308 eleitores, número estrondoso, não votaram nele.

Aí se incluem os 47.040.906 atribuídos a Fernando Haddad e os restantes foram representados por votos brancos e nulos, pouco mais de 9 milhões, e as abstenções, 31.371.704.

Em suma, se quiser governar para todos os brasileiros, como prometeu em sua posse, precisa conquistar milhões de almas no vasto território nacional.

Se sofreu queda de 15% em seu nível de aprovação da opinião pública, de janeiro a março, isso é sinal de que algo não está andando bem em sua atuação. E não é pouco, foi a maior perda de prestígio nesse período nos últimos quatros mandatos presidenciais no País.

A mídia e algumas redes sociais fizeram notar que hoje (26) pela manhã o presidente e a primeira dama foram assistir a um filme e que ele iniciou o expediente no Palácio do Planalto às 11h30.

Claro, é importante que o chefe da Nação tenha direito a esse entretenimento, mas parece que poderia ter feito em outro momento, pois a sua principal pauta no Congresso Nacional, a reforma da Previdência, foi colocada na berlinda e já está recebendo sinais de vetos em áreas sensíveis, como dos trabalhadores rurais e do benefício assistencial ao idoso (BCP).

Na verdade, a maneira como o governo se comunica parece insuficiente ou mesmo inadequada e opaca diante da opinião pública.

O Projeto de Emenda Constitucional – PEC da Reforma da Previdência, até agora, somente provocou medo e insegurança na população e é um dos fatores da queda do seu prestígio, juntamente com as formas como os assuntos executivos são encaminhados.

Não é à toa que Paulo Guedes, ícone do braço econômico do governo Bolsonaro, deixou de comparecer hoje 26) à reunião da Comissão de Constituição e Justiça na Câmara Federal para tratar da Previdência. Aparentemente, correria um risco que preferiu evitar, ele que é o avalista-mor da PEC.

Advertido da situação caótica na estrutura e habilidade na comunicação do seu governo, Bolsonaro já determinou mudança na área. Precisa de fato de alguém que tenha competência, lucidez e seja respeitado e saiba efetivamente respeitar a opinião pública nacional.

Por último, mas não menos importante, é preciso mencionar essa figura arrogante, boca-suja [fala muitos palavrões] e intrometida de Olavo de Carvalho, considerado”guru” de Bolsonaro e de seus filhos.

Natural de Campinas, no interior de São Paulo, tem 71 anos. Jornalista, ensaísta, ideólogo, filósofo autodidata, trabalhou para diversos veículos de imprensa no Brasil. Foi comunista na juventude, tendo sido membro do PCB, até tornar-se um anticomunista convicto. É considerado por alguns como responsável pela formação da Nova Direita no Brasil.

Carvalho deixou o Brasil em 2005, segundo ele para não “ficar louco” com o governo do PT. Mora atualmente em Richmond, estado de Virgínia, nos Estados Unidos, de onde lança seus pitecos nas redes sociais, a maioria setas envenenadas, para corrigir o governo de seu pupilo ou orientar condutas dos seus seguidores, entre os quais se inclui a família Bolsonaro.

Enfim, parece que nesses três meses de mandato, o novo Governo Federal ainda não se achou ou não sabe para aonde ir ou se quer ir e como ir. (Carlos Rossini é editor de vitrine online)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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