SOROCABA – CONTRATOS SOB SUSPEITA PODEM ULTRAPASSAR R$ 25 MILHÕES, DIZ PROMOTORA
A operação “Casa de Papel”, de busca e apreensão, desencadeada na manhã de ontem (8) em Sorocaba apreendeu computadores e contratos firmados pelas secretarias de Comunicação e Eventos, Licitações e Contratos e Turismo.
A promotora do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado – Gaeco, Maria Aparecida Castanho, em entrevista, informou que os documentos suspeitos indicam que o valor estimado em possíveis fraudes pode superar R$ 25 milhões.
“TERCEIRIZAÇÃO DE SERVIÇOS”
As suspeitas de desvio de dinheiro na Prefeitura de Sorocaba começaram a ser investigadas há seis meses também incluem fraudes em licitações, corrupção de agentes públicos e possivelmente lavagem de dinheiro, anunciou a promotora.
Foram cumpridos 18 mandados de busca e apreensão, além do Paço Municipal também nas casas de três secretários municipais: Eloy de Oliveira (Comunicação e Eventos), Hudson Zuliani (Licitações e Contratos) e Werinton Kermes (Cultura e Turismo). Todos negaram irregularidades.
A promotora revelou que a maioria dos contratos envolve a terceirização de serviços. “Esses contratos possibilitam a abertura para que se cometam fraudes. Pessoas que não teriam nenhuma condição de prestar um serviço à prefeitura passam a ser contratadas sob o manto da subcontratação. É uma terceirização da terceirização”.
CONTRATAÇÕES
As maiores suspeitas se concentram nas secretarias de Comunicação e Eventos e Cultura e Turismo. “Mais de 15 contratações foram feitas com a mesma empresa, nos mais diversos serviços, como fornecimento de alimentação, desentupimento de esgoto, contratação de artistas, fornecimento de gradis, palanque, som, uma infinidade de serviços”, declarou a promotora.
A empresa é a Selt – Serviços Estruturas Locações Temporárias, que era registrada como Twenty Estruturas e Eventos. A empresa pertence a Felipe Bismara, que, juntamente com a mulher, Jaqueline Helena da Silva Bismara, e o irmão, Antônio Tadeu Bismara, também consta na lista de suspeitos divulgada pela polícia.
Segundo a promotora do Gaeco, a investigação se concentrou principalmente de 2017 – início do mandato do prefeito, José Crespo (DEM) – até 2019. “Nós fizemos nesse período porque houve uma intensificação das contratações a partir de 2017.”Fizemos uma pesquisa e constatamos que a empresa tem 37 cadastros nacionais de atividades. Então ela teria aberto para ela mesma a porta para contratações inúmeras.”
O jornal “Diário do Interior”, do empresário Antônio Bocalão Neto, também está sob investigação. O delegado seccional de Sorocaba, Marcelo Carriel, disse que “segundo as investigações, o jornal era pago pela Prefeitura por serviços que não eram prestados”.