AH, SE AS PESSOAS SOUBESSEM COMO É BOM FILOSOFAR!
Hoje à tarde vi borboletas amarelas sobrevoando as ramagens da caliandra que é minha vizinha, perto da janela. Elas enfeitam o dia com seus bailados no ar e acredito que são apaixonadas pelo néctar que encontram nas flores da planta em tons rosa e branco.
Toda vez que deparo com esse cenário vivo e luminoso, sinto uma profunda relação com a natureza que faz bem para minha alma irrequieta. Meu olhar se estende para as árvores, algumas bem altas.
O céu tinha nuvens poucas, estava ensolarado, e essa temperatura de outono acaricia minha pele. Corpo, alma e espírito parecem se integrar nesses doces instantes de contemplação amorosa.
Como havia caminhado mais de uma hora na cidade e produzido endorfinas, percebi que havia uma sintonia entre meu relaxamento sensual, a caliandra, as borboletas amarelas e as plantas com as quais converso e às quais agradeço todos os dias por existirem e fazerem parte da minha vida.
Por alguns segundos, tive uma sensação nirvânica e de perfeita reconciliação com o mundo como se fôssemos um só ser. Nenhum pensamento se atreveu a me remover dessa pura unidade.
Por um instante, lembrei-me de uma senhora, minha amiga, que descia a calçada no centro da cidade enquanto eu subia. Ao nos encontrarmos, brinquei com ela carinhosamente, sem imaginar que ela estava irritada.
“Imagine que falei com fulana e ela disse para eu resolver um assunto, que era de sua obrigação. Mostrou-me um protocolo da prefeitura, disse que ia tirar uma cópia e entregar numa repartição.”
Tentei e acho que consegui, pela sua reação, perguntando: “Por que você deixa que um veneninho desse entre em sua mente e a perturbe?” E acrescentei mais alguns argumentos que considerei apropriados para a situação.
Minha amiga, tem mais de 70 anos, acabou achando graça e viu em si mesma o quanto estava se desgastando por tão pouca coisa. Ela decidiu que resolveria o problema, o que aplaudi. Pronto, você se livrou de um peso. Ela seguiu seu caminho e eu o meu.
Mas foram as borboletas amarelas, a caliandra, a tarde ensolarada, com uma leve e bendita brisa, que me gratificaram com tão simples e natural beleza no meio da tarde.
Ah!, se as pessoas soubessem a importância de viver livres dos aborrecimentos cotidianos. É tão simples quando você lança um novo olhar filosófico sobre a existência, a sua e a dos outros, de modo pacífico e tranquilo. (Carlos Rossini é editor de vitrine online)