CAPÍTULO 1 – A DESCOBERTA DE SI MESMO

Em 2000, durante a Bienal do Livro realizada em São Paulo, a Editora Madras lançou o livro A Coragem de Comunicar de minha autoria. Está esgotado. Folheando-o hoje, por acaso, decidi compartilhar alguns do seus capítulos com os leitores de vitrine online com o firme pensamento de que pode ter alguma utilidade para a existência das pessoas, mesmo que o seja apenas para um indivíduo. Eis o primeiro capítulo! Acompanhe os próximos.

“A vida é comunicação. Quando uma pessoa desperta e descobre quem é, o que está fazendo aqui e para onde pretende ir, é motivo de grande felicidade e comemoração. A maior aventura humana, ensina a sabedoria milenar, é a descoberta da consciência, que torna o indivíduo um ser único e verdadeiro. É a partir desse momento que a pessoa passa a existir realmente. Antes estava dormindo.

Nesse estado, o indivíduo pensa, sente e age no tempo presente, funciona como um todo e único ser. A intuição e a coragem passam a lhe fazer companhia como anjos de proteção e ajuda. A harmonia brota de sua essência mais pura e profunda.

Sua existência é guiada por valores que criam estabilidade interna, ainda que do lado de fora possa haver muita agitação: paz, amor, poder, pureza, verdade, equilíbrio, atenção. Esses tesouros já existem nas pessoas, mas precisam ser descobertos por um processo denominado autoconhecimento que, na realidade, é resultado da comunicação que a pessoa desenvolve em si mesma através de uma constante auto-observação que desperta a percepção.

A autodescoberta vale mais do que ouro. Quando a pessoa se acha, consegue descobrir o que mais precisa. Ela se liberta de falsos valores e, especialmente, dos efeitos ilusórios provocados pelo mundo exterior, até então único e fugaz modelo da existência.

A pergunta fundamental é: onde posso experimentar calma e tranquilidade?

Fora de mim é impossível. O mundo exterior é um turbilhão de ruídos caóticos, atritos, turbulências. Não há quem não se sinta confuso e inseguro. Imagine o mar. Entre nele. Aqui você tem a rebentação, a instabilidade, as ondulações. Agora mergulhe fundo. O que você encontra é silêncio, suavidade, descanso. Você pode, sempre que quiser, voltar-se para si mesmo e encontrar o equilíbrio e a estabilidade mesmo no mundo agitado. E será cada vez mais através da meditação, da prece ou da oração o caminho para entrar em comunhão consigo mesmo.

Agir, agir, agir. Estamos sempre agindo sem saber para quê nem por quê. Por isso, e com razão, as pessoas acham difícil cumprir um roteiro que vai assegurar a descoberta do mais valioso tesouro que sempre sonharam descobrir: o eu verdadeiro.

Tanto as psicologias orientais quando as ocidentais reconhecem que a maior jornada do ser humano, a mais importante aventura, é perceber quem somos, após uma perigosa travessia em meio aos muitos “eus” que povoam e se multiplicam sem parar em nossa mente.

Frequentemente, nada podemos fazer quanto às imagens, pensamentos e sensações que ocorrem em nossa tela mental, independentemente de nossa vontade. O melhor remédio para enfrentá-las e não enfrenta-las. Elas se dissipam quando você está se dedicando a uma missão, a uma tarefa ou a uma meta com todo o seu coração. E é assim que funcionam as pessoas saudáveis.

Conhecimentos diferentes com os quais estamos habituados podem ser muito úteis em situações delicadas. Quando nos identificamos em demasia com nossa personalidade, com um nome, uma profissão, uma condição de vida, tornamo-nos muito frágeis.

A perda temporária de um desses padrões repercute como morte para o ego, uma coisa que para os budistas não existe. E, nesse caso, eles levam vantagem. Acreditam que não somos um ego fixo, mas estados mentais que mudam continuamente. Se eu imaginar assim, logo aquele gigantesco problema não passará de uma titica, despojado da imaginária importância que lhe atribuíamos antes.

Se você concordar que é a pessoa mais importante do mundo, sem apego a essa ideia, sem narcisismo, mas como uma forma amorosa de autorrespeito, pode prosseguir em sua jornada para a compreensão do papel que a comunicação reserva para todos nós no Terceiro Milênio.”

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Carlos Rossini é editor de vitrine online e autor do livro A Coragem de Comunicar.

 

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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