BREVE ENSAIO POLÍTICO DEDICADO AOS ELEITORES IBIUNENSES

Caros leitores e leitoras ibiunenses, a situação dramática que vivemos em nosso município nos faz recordar Nicolau Maquiavel, que escreveu em 1513, o Príncipe, livro que exerceu e exerce forte influência em todo o mundo, sendo estudado em todas universidades e por políticos que desejam realizar bons governos. Ele é considerado o fundador do pensamento e da ciência política moderna.

A obra teve o seu valor reconhecido por personalidades que mudaram a história do mundo, como Napoleão Bonaparte, Winston Churchill, Franklin Roosevelt, Henri Kissinger, entre outros.

Não vou entrar aqui nas minúcias dos seus ensinamentos, porque sei que, não raramente, as pessoas estão muito ocupadas em sua luta diária pela sobrevivência, e foram tomadas por um tal nojo dos políticos em geral, que apenas fazem juízos muitas vezes somente com a leitura dos títulos das notícias e artigos.

Muitos políticos, e oportuno assinalar, nem sequer têm noções básicas fundamentais para exercer seus cargos como manda o figurino. A corrupção no Brasil parece ser um dos valores negativos aprendidos na prática diária e repetida à exaustão com a voracidade da ambição desmedida.

Mas, então, escrevo para vocês, leitores e leitoras, a fim de que possam compreender os fatos que tanto os aborrecem e os tornam descrentes e cansados de promessas não cumpridas.

Temos, portanto, de falar sobre do poder, sua conquista e manutenção, que exige competências que frequentemente não se encontram no intelecto e tampouco no senso ético e na moral, que é sua prática.

Se alguém é eleito pelo povo e dele se isola demasiadamente, “perderá contato com as fontes que lhe dão o poder que sustenta sua liderança”, como interpreta Jacob Petry, em seu livro Poder & Manipulação, em uma versão moderna de o Príncipe uma verdadeira aula para compreender o que se passa na mente dos políticos.

Petry é certeiro em uma advertência: “O poder sempre nos é dado pelas pessoas e ele só pode ser aumentado através do contato direto e estratégico com elas. Nenhum líder sobrevive por muito tempo no isolamento. E isso é perigoso.”

Quando um político, no exercício de algum cargo no Executivo ou no Legislativo, perde a conexão com o que acontece, ele deixa de receber informações “indispensáveis para exercer o seu comando”.

“Quando isso acontece, em vez de tornar-se mais seguro e tranquilo, [o político] perde acesso a conhecimentos indispensáveis para reverter essa situação. Então, um político em situação de comando, “fica sem saber” os assuntos que se falam pelos corredores e até mesmo nas esquinas da cidade.

Aqueles que objetivam ser compreendidos e receber aprovação em suas gestões, precisam “circular entre as pessoas” para conquistar a empatia e também apoio aos seus projetos de governo.

O isolamento e distanciamento do povo faz com que sua imagem pública fique “estranha, desajeitada, artificial, e os outros [a população] não se sentirão à vontade perto de você, tampouco, você, perto deles, o que o levará a um isolamento cada vez maior. E isso significa o fim de qualquer líder”, adverte Petry, com bases nas lições de Maquiavel escritas há 406 anos.

Maquiavel escreveu para os príncipes [atualmente são chamados políticos], com base na realidade observada, mas seus preceitos se tornaram conhecimentos necessários para a libertação das pessoas ou se tornarem menos manipuláveis por eles.

Ao compreender as estratégias dos políticos, você “estará pronto para se defender das pessoas manipuladoras e de posse de ferramentas concretas para agir com mais segurança, ousadia e astúcia perante a vida”.

Se apenas um leitor fizer uma leitura atenta deste breve ensaio e experimentar algum despertamento, já terá valido o esforço, já que em 2020 haverá eleições para preencher os cargos de prefeito, vice e vereadores de nossa cidade. (Carlos Rossini é editor de vitrine online)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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