HOMEM DO CAJADO SAGRADO REAPARECE E ENSINA UM JEITO SIMPLES DE VIVER

Saí à noite para o quintal para tomar um ar fresco das matas ibiunenses. Olhei o céu e deparei a lua cheia refletindo a luz do sol alto do outro lado do mundo. Vi uma profusão de estrelas piscantes a distâncias inimagináveis. Pensei nos primeiros astrônomos e nas maravilhosas descobertas mesmo com telescópios ainda rudimentares e como o Homem foi, paulatinamente, se tornando cada vez mais perspicaz em seu olhar para o espaço cósmico.

As primeiras noções de matemática e geometria se engatinhavam ainda e começaram a prosperar de modo contínuo e lógico. Adiante, a Terra deixou de ser o centro do Universo e se percebeu, contrariando a birrenta visão religiosa, que ela girava em torno do Sol, e não o contrário, como se acreditava.

Muitos foram condenados como hereges, homens e mulheres, e queimados em fogueiras, por terem ideias diferentes das que eram rigidamente consideradas como verdades inquestionáveis pela Santa Inquisição.

Meus pensamentos vagavam em torno desses temas, quando, de repente, um espectro indefinível começou a materializar-se e tomar forma humana diante dos meus olhos. Era o Homem do Cajado Sagrado, que logo identifiquei tranquilamente.

— Saudações, Carlos!

— Olá, Homem do Cajado Sagrado, bem-vindo seja!

Nos abraçamos amigavelmente, como que tocados por um sentimento de fraternidade amorosa.

— O que me contas?

— Primeiro, manifesto minha alegria de revê-lo nessa noite luminosa. Segundo, tenho um pedido a lhe fazer.

— Pois faça!

— Peço que você escreva para seus leitores, o que hoje venho narrar.

— Combinadíssimo!

— Como sempre tenho observado com extremo carinho esse povo merecedor de boas notícias, e capturar seus sentimentos.

— Vejo essa gente na labuta diária, indo e vindo, muitas vezes sem saber que rumo tomar em suas vidas.

— Digo que eles desejam ser felizes, mas nem sempre encontram o caminho que leva a esse sentimento tão sublime. Suas mentes estão atulhadas de pensamentos, muitos deles inúteis e desnecessários para um modo de viver simples, que é onde está o segredo da felicidade.

— Bonito, meu velho!

— Viver é simples, mas complicam tanto as coisas que o tornam difícil e complicado.

— Concordo.

— Se você perguntar a uma pessoa quem ela é, dificilmente receberá uma resposta verdadeira, pois está cercada por dúvidas, medos e pensamentos tormentosos. Ela, em realidade, vive distante de si própria, tanto quanto nós das estrelas.

— Já tinha percebido isso, do meu modo, mas não tenho sua infinita sabedoria.

— Veja, as coisas são óbvias, mas elas não percebem o quanto melhorariam suas existências se conseguissem despertar do sono, mesmo quando estão acordadas e realizando suas tarefas.

— Não veem a própria história que vivem no dia a dia, como se fosse viver eternamente. Como perdem tempo precioso com enganos, confusões íntimas, e agem como se não fossem almas!

— Isso também não entendo, Homem do Cajado Sagrado.

— Precisam compreender que a vida é o valor mais sagrado que receberam do Criador. É o que realmente importa, o resto tem valor secundário na existência. E o tempo é incorrigível, segue seu curso inapelavelmente. Nascem, crescem, envelhecem e morrem. Esse é o destino de todos! Por isso mesmo, cada instante, cada minuto, é um bem precioso. Viver bem, consigo mesmo e com as pessoas que amam, é o melhor de todos os negócios, para mencionar uma palavra que geralmente escraviza as pessoas.

— Meu querido amigo, suas palavras são como dádivas para os meus ouvidos e para a minha alma e espero que o sejam também para aqueles que irão lê-las aqui.

— É isso, Carlos. E, acreditem todos, essas palavras são minhas doações de amor que brotam do fundo do meu coração, pois acredito e sempre crerei que o amor é a mais elevada inspiração para o bem viver.

— Boa noite e até mais ver!

— Até, Homem do Cajado Sagrado. Aceite minha gratidão por me usar para repassar suas lindas e comoventes palavras para esse povo, que tanto admiro e respeito. (Carlos Rossini é editor de vitrine online)

 

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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