HOMEM ADULTO TAMBÉM PRECISA DE COLO PARA CHORAR?

Um homem adulto precisa, às vezes, de um colo para chorar? O que vocês acham, leitores, sim ou não? Enquanto você pensa, permita-me revelar alguns conhecimentos que absorvi da vida real e dos livros.

Antes, veja um trecho da belíssima poesia de Luiz Gonzaga Jr. (Gonzaguinha), “Guerreiro Menino”, também magnificamente interpretada pelo cantor Fagner:

“Um homem também chora

Menina morena

Também deseja colo

Palavras amenas

Precisa de carinho

Precisa de ternura

Precisa de um abraço

Da própria candura

Guerreiros são pessoas

São fortes, são frágeis

Guerreiros são meninos

No fundo do peito…”

A sensibilidade criativa de Gonzaguinha capta a essência da pergunta que fizemos lá no início.

Alguns homens, talvez muitos, continuam carregando um menino dentro de si emocionalmente. Ou seja eles crescem física e cronologicamente, mas muitas vezes continuam prisioneiros de suas emoções que terá ficado interrompida aos nove, dez anos, ou menos. E, em princípio, não há nada de errado com isso, cada indivíduo é o que é. Ponto. E, depois, ninguém pode viver sem emoção, porque, nesse caso, não passaria de um robô sem coração.

Vi muitos homens adultos chorarem, dentre os quais me incluo, por perderem emprego até mesmo em cargos superiores nas empresas, uma pessoa querida que se foi e lhe causa muita dor, mulher, namorada, terem sido traídos, se sentirem desprezados e humilhados, incompreendidos e por muitos outros motivos. Veja na foto as lágrimas do ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que foi um dos homens mais poderosos do mundo, revelando sua emoção diante de problemas graves mundiais.

É balela dizer que homem que é homem é durão, racional, frio, ainda que haja alguns que sejam mesmo extremamente racionais, porque faz parte da natureza humana o choro, o riso, a alegria, a tristeza, em uma série infindável de sentimentos que, muitas vezes estão além de sua capacidade de resistência.

A mente humana oculta os maiores mistérios da existência e nem sempre temos acesso a eles e, por isso mesmo, estamos sujeitos aos imprevisíveis caminhos que percorremos, e dos quais temos pouca percepção.

Conforme as circunstâncias, chorar é tão bom quanto sorrir, ambos fazem bem para a alma e resolvem problemas imediatos que parecem sem saída. Já vi casais chorarem juntos em momentos sublimes de superação e se sentirem aliviados como se tivessem enfrentado uma tempestade que passou.

Depois de chorar abrem-se as portas para o amor conivente, partilhado com doçura prazerosa e o mundo antes sombrio dá lugar à luz que aquece corações. É como se retornássemos para casa depois de uma grande viagem a lugares desconhecidos e estranhos.

Talvez todos nós, homens e mulheres, não importa o gênero, precisamos das coisas vislumbradas na sensibilidade de um poeta:

Palavras amenas, carinho, ternura, um abraço e a própria candura. Boa semana! (Carlos Rossini é editor de vitrine online)

 

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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