IBIÚNA – “SÓ NÃO DEI FIM EM TUDO PELA MINHA MÃE”, AFIRMA SAMIRA MARTINELI, EM DEPOIMENTO DRAMÁTICO

Samira Leonor Martineli, 27, moradora no bairro da Ressaca, no município de Ibiúna, postou mensagem do Hospital Regional de Cotia, onde foi internada no sábado (9), depois de passar pelo Hospital Municipal de Ibiúna. Acompanhada pela mãe, Maria de Jesus Jorge Duarte, ambas tem um complicador a mais: estão sem nenhum recurso financeiro para se mobilizar mesmo de ônibus e adquirir medicamentos.

Vitrine online vem noticiando esse fato que, no fundo se trata de uma questão humanitária urgente, e que exige auxílio das autoridades de Ibiúna, onde vem tentando a quase um ano, com exames em mãos já desatualizados, mas sem sucesso.

Veja a íntegra de sua postagem para suas amigas e amigos. Ela autorizou sua publicação em vitrine online:

DORES INSUPORTÁVEIS

“Mal consigo digitar, estou tremendo muito ultimamente, creio que por não conseguir manter a comida no estômago, fraqueza, não sei, pois estive ontem [sexta-feira, 8] no pronto socorro [do Hospital Municipal de Ibiúna] e nem um hemograma pediram.

As dores são inexplicáveis, é uma luta árdua diária pra não terminar com esse sofrimento todo de uma vez. Só não dei fim em tudo pela minha mãe, porque forças eu mesma não tenho mais.

Dia 18 faço 28 anos, logo depois vem o Natal, réveillon, e a única coisa que eu queria é passar 1 dia sem dor, sem estar entupida de medicações na veia, que me deixam totalmente grogue e sem reação, poder tomar um banho sozinha, comer e fazer digestão como uma pessoa normal. Pequenas coisas que não consigo mais fazer.

Não tenho mais esperanças, falo do fundo do coração. O sistema e quem “trabalha” nele arrancou elas de mim.

Há 4 dias o vômito já está com sangue, as fezes e a urina, e as dores pioraram muito. Tramal tem tido o mesmo efeito que água.

PS.; Pra quem não sabe exatamente o que está acontecendo, seguem as fotos dos últimos exames [não publicamos aqui].

Tenho algo simples pra medicina, mas pelo visto impossível pro SUS: 1 cálculo de 1,5 cm na vesícula.

Todo o sofrimento pode ser evitado, fazendo o correto: uma cirurgia, mas é o que está mais distante de mim.

Tenho um pedido de um gastro [para ser atendida por um médico nessa especialização] do Dr. Eduardo do Capps [de Ibiúna], mas não sei mais o que fazer e quem procurar.

É aquela coisa de te jogarem de um lado pro outro e voltar à estaca zero. Já tentei todos os meios, em Cotia [onde foi internada no sábado (9) foi o MELHOR atendimento que consegui e ainda assim não operaram por eu não ser do município [mas, o Hospital Regional de Cotia pediu para ela fazer uma endoscopia e ultrassonografia, neste fim de semana].

Todos me orientam a estar indo pra Capital, mas ninguém me pergunta como foi ser demitida por estar passando mal toda semana, ninguém quer saber se eu gastei tudo o que tinha e o que não tinha, com tramadol e até morfina pra poder me levantar da cama.

Ninguém pergunta nada, apenas concluem e quando eu explico, não compreendem. Raros são os que entendem o que é estar literalmente de pés atados nessa situação. Ontem (8) Sorocaba recusou que eu fosse transferida para lá. Cotia alega que não é uma emergência (acidente, por exemplo) pra operarem pacientes de outro município [ela reside no bairro da Ressaca, em Ibiúna].

‘Vesícula não é prioridade para o SUS, vá pra casa e aguarde a fila te chamar’. Esta é a frase que mais tenho ouvido nos últimos meses.

O risco é evoluir pra uma inflamação da vesícula (no momento é essa a suspeita por eu estar com febre, vomitando e evacuando com sangue, a urina também) e então pra uma pancreatite.

Pode falar fatal? Pode. Mas é isso. Eu sou só mais uma que depende do SUS, e em Ibiúna.

Eu realmente não tenho mais força e peço perdão.

Só amigos íntimos sabiam da minha situação até ontem (sexta-feira, 8), então se eu não estivesse com tantas dores, se eu conseguisse comer sem vomitar tudo (visto que fiz reeducação alimentar, pois também tenho esteatose hepática, então não como nada além do que o gastro estipulou), se eu tivesse sem febre, se eu não estivesse pondo sangue para fora, eu estaria aguardando  com paciência como todos os outros pacientes que estão, pois não sou especial, mas a questão é que eu piorei e piorei muito rápido e a única solução é a cirurgia agora.

Obrigado de coração pelas mensagens de apoio e novamente, perdão por não conseguir responder 1 a 1.

Os dias e noites estão sendo um verdadeiro inferno, exaustivo e desgastante. Só que sabe passa. Parece simples, mas não é.”

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NOTA DA REDAÇÃO – D. Maria, mãe de Samira ligou para vitrine online no momento em que preparavamos a publicação da postagem da paciente. Informou que a filha se submeterá a uma ultrassonografia no Hospital Regional de Cotia – HRC nesta terça-feira (12), que será avaliada pelo cirurgião para decidir sobre o procedimento que adotará. Ela também fez um eletrocardiograma e exames de sangue. A tomografia feita também alí apontou outros problemas no rim e no fígado. D. Maria fez questão de agradecer pelo ótimo atentimento recebido no HRC. “Minha filha está sendo muito bem atendida como se estivesse no AME de Sorocaba. Aqui tem todos os recursos e os pacientes são atendidos com respeito. Estão acompanhando minha filha o tempo todo”.

QUER AJUDAR?

SE VOCÊ QUISER AJUDAR SAMIRA E SUA MÃE PODE FAZER DEPÓSITO NA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL EM IBIÚNA: AGÊNCIA 0800 – conta poupança 01300000475-9 – MÁRIA DE JESUS JORGE DUARTE 

 

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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