EDITORIAL – ATUAL PREFEITO TEM QUE MOSTRAR A QUE VEIO

Já descidos à terra os fragmentos dos fogos de artifícios com os quais se comemorou hoje à tarde a decisão da Justiça eleitoral de Ibiúna que afastou, pelo menos por hora, a possibilidade de Fábio Bello assumir seu cargo, o atual prefeito de Ibiúna, Eduardo Anselmo, tem, enfim, que mostrar a que veio, pois nada de verdadeiramente relevante se vê de pulsação política realizadora. Se faltou a ele tempo e viveu período tumultuado, isso não muda a constatação anterior.

Quando se veem os jornais, aparece mais do que o chefe do Executivo o presidente da Câmara Municipal, vereador Carlinhos Marques, em torno de obras de asfaltamento de duas ruas, por exemplo, sem esconder que suas são as conquistas e, claro, também do prefeito. Carlinhos, o mais jovem presidente da edilidade da história, também sonha em ser o mais jovem prefeito de Ibiúna e se vale de sua energia e força de propósito nessa direção. O atual prefeito aparece como personagem secundário, numa análise de jornalismo comparado.

A maneira de comunicação do seu governo, e não nos referimos à sua assessoria de imprensa que segue orientações, é inexperiente, equivocada, desobjetivada e monopsônica. Desconhece a importância decisiva que representa a boa comunicação para o sucesso de qualquer empreendimento, especialmente o de natureza pública.

Agora que supostamente tenha dito estar livre da ameaça de afastamento do cargo, tem nova oportunidade de tornar tão transparentes quanto precisas as informações que reveladoras do conteúdo real de seu governo.

Por enquanto, está em dívida com a sociedade ibiunense e muito longe, como quis o presidente da Câmara Municipal, em artigo publicado em quatro jornais da cidade, de despontar com um dos melhores prefeitos da história. Ser honesto não é atributo administrativo e sim uma obrigação de todos os governantes. Vale lembrar que o prefeito anterior, Coiti Muramatsu, foi apontado, em nota distribuída pela própria prefeitura,

como o melhor governo da última década. Como se diz em jornalismo, o papel é inocente, aceita tudo que nele se imprime. (C.R.)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.