IBIÚNA – POR QUE NOSSAS AUTORIDADES SÃO ALÉRGICAS À HUMILDADE?

Onde falta humildade, tem arrogância, empáfia, glacialidade, em demasia. Digo isso por mim, por nós ibiunenses, ao ver nossa cidade ir se arrastando, aos trancos e barrancos, sem um norte que nos dê esperança mínima, num lamaçal esburacado levado por correntezas espúrias.

Já deixei de me importar se entendem ou não as minhas palavras, porque podem insistir fazendo o que fazem, que tanto nos desagrada, mas não podem tirar de nós a nossa própria essência.

Somos subestimados em nosso poder coletivo e individual, desrespeitados em nossos direitos básicos, como se estes fossem apenas estorvos para aqueles que estão no poder e que não se tocam de que a história segue seu curso e todos os personagens que se encontram no palco, ou ocultos nos bastidores, serão, cedo ou tarde, substituídos por outros.

Basta ir ao Paço Municipal ou ao plenário da Câmara para ver uma galeria com fotos, algumas com indeléveis marcas do tempo, algumas já se desbotando, tiradas no passado já longínquo. São testemunhas de que nada é para sempre.

Isso é tão óbvio como a luz solar, mas alguns não enxergam além de poucos palmos do próprio nariz e seguem como se tivessem se tornado invisíveis aos olhares dos munícipes.

Tenho lido comentários abundantes que testemunham um descontentamento palmar e extenso com a atual administração, que contou desde o início com minha inocente esperança de dias melhores e provocou em mim e nos meus confrades uma profunda decepção.

Por mais que me esforce para enxergar a normalidade, sei que, vivendo em Ibiúna como os ibiunenses, vivemos num estado de normose, ou seja uma patologia político-administrativa que afeta toda a sociedade, sobretudo a parcela da população mais desvalida.

Será que o mágico tem escondido cartas milagrosas em seu colete? Pouco provável! Terá trunfos de uma genialidade triunfal que encantará com surpresas de última hora, fazendo do último na do seu governo uma excepcional demonstração de competência administrativa, que nos deixará de queixo caído? Improvável!

Por estes dias, lembrei-me do grande cineasta italiano Federico Felini, em um dos seus filmes E la nave va, mas um leitor chamou minha atenção para outro cineasta, James Cameron, que dirigiu “Titanic”, e sabemos onde foi parar o navio considerado mais seguro do mundo na época em que foi construído.

Metáforas são recursos indispensáveis quando queremos despertar mentes, mas os políticos são pragmáticos, cerebrinos e não afeitos a sensibilidades meramente humanas.

Ibiúna, política e administrativamente, pode ser comparada a uma nave que va ou ao Titanic? Sinceramente não sei, e não tenho bola de cristal que possa antever fatos futuros. Mas que todos estamos na mesma embarcação, isso eu sei. (Carlos Rossini é editor de vitrine online)

 

 

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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