IBIÚNA – CPI DO LIXO É ARQUIVADA POR EDIS ALIADOS AO PREFEITO, QUE TERÁ O 9º PEDIDO DE CASSAÇÃO DE MANDATO

Os vereadores Claudinei Gabriel Machado (PSC) e Gerson Pedroso da Silva (PPS), ambos da base aliada do prefeito João Mello, pediram hoje (10) o arquivamento da CPI DO LIXO, da qual eram membros, alegando que o prazo de 120 dias inicialmente previsto para funcionamento da comissão havia sido ultrapassado. Em razão disso, a CPI foi extinta.

Na reunião havida por volta do meio-dia na sala de reunião da Câmara Municipal, com a presença de vereadores, da imprensa e de cidadãos convidados, a decisão de ambos os vereadores foi recebida com notória perplexidade.

 

Havia pelo menos duas boas razões para isso: primeiro, o prazo para entrega do relatório final [o que ia ser feito hoje] vence amanhã (11). Tanto Claudinho Coragem como Gerson do Gabriel pareciam desconhecer que o artigo 235 do Regimento Interno da Câmara determina que “os prazos previstos neste Regimento não contarão durante os períodos de recesso da Câmara”.

Outra razão, que provocou críticas de alguns dos presentes à reunião, foi o fato de os dois edis da base aliada em nenhum momento terem feito alusão ao mérito do relatório que foi concluído com grande esforço pela relatora da Comissão Processante, vereadora Elisângela de Souza Soares (PTB), integrante da base oposicionista.

VERGONHA

Em entrevista à vitrine online, a relatora da CPI DO LIXO, declarou que se sentiu “indignada, decepcionada e com vergonha” com a atitude de seus colegas que pediram o arquivamento de um trabalho que comprovou diversas e irregularidades no sistema de coleta da prefeitura de Ibiúna que é considerada pela população como um dos mais graves problemas de saúde pública e de contaminação do meio ambiente, que vem ocorrendo desde 2018.

Em razão disso, Elisângela Soares anunciou que vai entrar com um pedido de cassação do mandato do prefeito João Mello na Câmara Municipal e se vier a acontecer de ser arquivado como ocorreu com os 8 pedidos feitos em relação ao atual prefeito – o dela será o 9º – irá encaminhar denúncia ao Ministério Público.

Entre as diversas irregulares constatadas, a partir de denúncias e queixas da população, se incluem a falta de segurança para os coletores, incluindo os chamados equipamentos de proteção individual (EPIs), e de transportes adequados, já que a prefeitura utiliza caminhões abertos e baús. Vitrine online apurou que pelo menos um funcionário teve o braço quebrado ao cair de um caminhão comum.

Por todo o município, conforme constatado por fotos e verificação de denúncias, há caçambas com lixo transbordando pelas ruas e estradas, pela irregularidade no cronograma de coleta, o que acontece também nas residências, onde as donas de casa ficam sem saber o que fazer com o lixo acumulado em suas portas.

A relatora mencionou que até mesmo os comerciantes se queixam por não saberem a que hora deverão descartar o lixo, por falta de regularidade na passagem dos caminhões coletores.

Em relação ao aterro sanitário, a constatação não foi menos preocupante. Segundo a vereadora, a lagoa de chorume “está totalmente irregular” pois está transbordando, problema que aumenta quando chove.

CPI DO LIXO

A CPI DO LIXO foi proposta pela vereadora Elisângela Soares no dia 25 de setembro de 2019. Ela escolheu como membros os vereadores Antonio Reginaldo Firmino (PP) e Aurelino Moreira Jr. (PSB). O então presidente da Câmara Municipal, vereador Rodrigo de Lima (DEM), no entanto, usando as prerrogativas do Regimento Interno, acabou nomeando Claudinho Coragem e Gerson Pedroso da Silva, da bancada situacionista, como ele. No entanto, eles pouco fizeram para que a Comissão Processante se tornasse um espelho da realidade relacionada com a coleta de lixo em Ibiúna. Quem de fato ajudou e participou do trabalho de levantamento de informações foram os vereadores Naldo Firmino e Lino Jr. (Carlos Rossini é editor de vitrine online)

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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