O LIXO NOSSO DE CADA DIA

Há um conceito na filosofia da Qualidade Total – QT, muito utilizada pelas empresas com o objetivo de obter nível de excelência no seu desempenho, que é de uma simplicidade franciscana: “Não sujar é melhor do que ter que limpar.”

Lamentamos dizer que algumas pessoas estão muito longe de compreender o significado e os efeitos benéficos desse modo de proceder tanto para o meio ambiente quanto para a saúde pública.

Basta ver os lixos que se acumulam nas ruas e nas estradas das cidades para constatar o que significa o conceito utilizado pela QT.

Imagine se os hospitais negligenciassem demasiadamente no tópico limpeza, como seria o número de pessoas infectadas? No século XIX havia muitas mortes de parturientes e de bebês porque eram contaminados nos procedimentos do parto.

Até que um médico, utilizando permanganato de potássio, descobriu uma forma poderosa de desinfectar as mãos: lavar as mãos com essa substância salvou as vidas de muitas mulheres e crianças.  

Mas voltemos ao problema do lixo. Exatamente hoje (25), caminhando num trecho de trinta ou quarenta metros pela Estrada da Cachoeira, verifiquei o quanto algumas pessoas são displicentes com a questão do descarte do lixo.

Nesse pequeno trecho fotografei diversos materiais jogados em apenas um dos lados da estrada: embalagens plásticas, pedaços de isopor, sacos plásticos, dois pedaços de peças de um automóvel, latas de cerveja, pratos de isopor utilizados como marmita, balde de plástico, entre outros.

Todos esses materiais, irresponsavelmente jogados na estrada, não são biodegradáveis e, para absorvê-los, ou seja, dissolver completamente sua forma, a Mãe Natureza precisa de milhares de anos, alguns mais de 500 anos. Muitos deles são recicláveis.

Já sabemos que há enormes ilhas flutuantes no oceano formadas por grande variedade de materiais, que peixes morrem por contaminação ou sufocamento ao engolir certos objetos, mas podemos estar certos de que a humanidade terá que pagar um preço por estar destruindo o planeta.  

Cientistas sérios e competentes e a própria Organização da Nações Unidas têm feito graves advertências sobre o que nos aguarda já pelos idos bem próximos de nós dos anos 2030: grandes catástrofes provocadas pelo derretimento das calotas polares e dos glaciais, devido ao aquecimento da atmosfera, queimadas e incêndios descomunais, com ilhas e cidades costeiras inundadas, desequilíbrios extremos da temperatura com efeitos sobre a vida humana e dos animais, secas ou chuvas torrenciais, etc.

Quando esse tempo chegar, e como se pode ver já está prenunciado, alguns poderão olhar no espelho e verem-se refletidos nele. Poderão dizer, ok, nós vencemos. Era esse nosso desejo: destruir tudo. Demos nossas cotas de contribuição. Mas se verão presos em suas próprias armadilhas.

Por mais que a inteligência humana tenha desenvolvido tecnologias avançadas que permitem fazer viagem além da estratosfera, pelo menos por enquanto, não se encontrou alternativa para mudarmos para outro planeta. Você terá que voltar para a casa que tratou com tanto desleixo e se ver diante de uma realidade que nunca imaginou. (Carlos Rossini é editor de vitrine online)  

Carlos Rossini

Carlos Rossini é jornalista, sociólogo, escritor e professor universitário, tendo sido professor de jornalismo por vinte anos. Trabalhou em veículos de comunicação nas funções de repórter, redator, editor, articulista e colaborador, como Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Diário Popular, entre outros. Ao transferir a revista vitrine, versão imprensa, de São Paulo para Ibiúna há alguns anos, iniciou uma nova experiência profissional, dedicando-se ao jornalismo regional, depois de cumprir uma trajetória bem-sucedida na grande imprensa brasileira. Seu primeiro livro A Coragem de Comunicar foi lançado na Bienal do Livro em São Paulo no ano 2000, pela editora Madras.

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